João Ximenes Braga
Às vezes sinto que há um certo terraplanismo simbólico de ambos os lados quando se tenta discutir o Brasil de hoje .
Do lado de lá, toda a História de um movimento sindical que se transformou num partido político cujo líder, em dois mandatos, tirou o país do mapa da fome, é reduzido a uma interpretação desprovida de simbolismo que resume toda a motivação a dinheiro. Tudo que moveu Lula e o PT, esse tempo todo, foi apenas dinheiro. Dinheiro que levou à criação da maior organização criminosa do mundo. Dinheiro que, no fim das contas, se resumiu a uma reforma num apartamento.
Do lado de cá, assistimos forças diversas se unirem num compadrio macabro em torno de um golpe e um levante fascista. Tribunais de diferentes instâncias em diferentes pontas do país, membros do MP, da PGR, da PF, da PM, caminhoneiros e estúdios de TV do Jardim Botânico formaram um pacto narcísico em torno de uma ideologia que levou ao fascismo e um novo processo de genocídio que está em sua etapa inicial mas promete ser um dos piores da História. Foram 500 anos de História e cultura que nos trouxeram a esse ponto, mais um tanto de geopolítica. Mas há quem prefira reduzir as motivações a dinheiro. Dinheiro esse que, por enquanto, se resume a uma rachadinha num gabinete de deputado. Claro que sei que por trás de tudo há interesses como os capitaneados por Salles e Nabhan Garcia que são de uma monta que nem consigo imaginar. Mas por enquanto, o que temos é uma rachadinha e uma franquia da Kopenhagen. Em suma, não acredito que essa direita messiânica que se aglomerou em torno de Moro e Bolsonaro seja movida apenas por dinheiro. Nem mesmo no caso do Véio da Havan, outro que, dizem, ficou rico nos governos do PT. Acredito que há algo mais profundo, simbólico, perverso, por trás. E isso tem a ver com o primeiro português que estuprou e matou a primeira índia.
Talvez eu tenha lido mais Marquês de Sade e Shakespeare do que deveria.
Talvez eu tenha lido mais a bíblia do que deveria.
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