Bernardo Mello Franco
Em 28 dias no governo, Nelson Teich não conseguiu assumir de fato o Ministério da Saúde. Colega de Regina Duarte, ele tomou da atriz o papel de ministro Porcina: aquele que foi sem nunca ter sido.
Chamado às pressas para substituir Luiz Henrique Mandetta em meio à pandemia, Teich não teve força nem para escolher seu número dois. O cargo foi entregue ao general Eduardo Pazuello, que pendurou outros militares na estrutura da pasta.
Ao ser apresentado, o oncologista prometeu "alinhamento completo" ao presidente Jair Bolsonaro. Mesmo assim, não conseguiu atender a todos os desejos do chefe, que trava uma cruzada contra a ciência e as medidas de isolamento.
Bolsonaro empurrou Teich para a demissão na segunda-feira, ao humilhá-lo publicamente com o decreto que incluiu salões de beleza e academias de ginástica entre os estabelecimentos liberados da quarentena. O ministro ficou sabendo da medida pela imprensa, numa cena que expôs sua fragilidade no governo.
A gota d'água parece ter sido a nova exigência para incluir a cloroquina no protocolo de tratamento dos pacientes com a Covid-19. Na quinta-feira, em teleconferência com empresários, Bolsonaro deu um ultimato público ao ministro: "Não pode mudar o protocolo agora? Pode e vai mudar". Na manhã de sexta, Teich decidiu jogar a toalha.
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