O trágico na atual situação do Brasil não é o egoísmo, a prepotência e a estupidez das oligarquias lideradas pela burguesia de São Paulo e Minas Gerais: elas agem assim desde que assumiram o poder com a bandeira do civilismo, na República Velha. Seu projeto sempre foi o de uma nação exportadora de minérios e commodities agrícolas, habitada por gente servil e miserável.
Terrível é a falência das instituições construídas para conter e se contrapor a essa elite associada ao grande capital e submissa a um poder externo. Os tenentes que quiseram urbanizar e industrializar o Brasil; a diplomacia que foi moldando a imagem de uma nação pacífica e neutra; a estrutura burocrática construída em concursos públicos e quadros de carreira; os juristas que imaginaram superar a tradição de desigualdade e arrogância dos tribunais; os teóricos que projetaram modelos de Brasil e os cientistas que tentaram civilizá-lo à sua própria maneira.
A atual ocupação do Brasil por agentes americanos aqui contratados desmoraliza as forças armadas, o Itamaraty e o Judiciário, além da política como instrumento de mudança; corrompe e envenena a máquina do Estado; evidencia a falência de instituições, como os conselhos profissionais de medicina;. Destruirá certamente o sistema de educação pública e envenenará a produção cultural.
Em suma, destrói-se a imagem do país e a esperança que se alimentava dela.
É isso que nos faz sentir traídos, mesmo os que, como eu, não viveremos no vazio geopolítico que essa gente quer nos legar.


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