sábado, 29 de agosto de 2020

"Direita democrática" é devaneio da esquerda cirandeira


FRENTES

A discussão sobre uma frente ampla antibolsonarista com participação da chamada "direita democrática", com vistas a 2022, é uma dessas fantasias que se renovam, de tempos em tempos, nas cirandas da esquerda nacional. 

A ideia de que se deve apoiar qualquer um que possa tirar Bolsonaro do poder é o triunfo da preguiça  política - e do cagaço - sobre a racionalidade. 

Isso porque, simplesmente, não há nenhuma diferença programática entre essas duas facções da direita nacional - a neoliberal e a bolsonarista -, mas apenas estilos de governança, ambos, essencialmente, antidemocráticos.

Essa direita dita democrática, é bom lembrar, foi quem urdiu e colocou em prática o golpe de Estado de 2016 que retirou do poder Dilma Rousseff, uma presidenta eleita democraticamente, com base em uma fraude processual.

Foi a turma de Fernando Henrique Cardoso, Michel Temer e Rodrigo Maia, entre outros menos votados, que jogou o País no abismo moral e econômico que gerou, no limite do esgoto institucional, a eleição de Jair Bolsonaro. Junto com a Lava Jato, essa gente é a responsável direta pela presença de um demente na Presidência da República.

A turma das costas quentes  só aceita participar de uma frente com a garantia de que nem o PT nem nada que cheire a governo popular  tenham qualquer oportunidade eleitoral, daqui para frente.

E há um detalhe definitivo: ambos os lados, tanto as bestas feras do bolsonarismo como os dândis do universo DEM/PSDB, estão conectados com a mesmíssima agenda econômica neoliberal de privatização do Estado, entrega do patrimônio público e a manutenção do Brasil com nação dependente e periférica do capitalismo mundial.

Não há possibilidade, portanto, de a esquerda ter qualquer protagonismo ou aspirações de volta ao poder ao lado dessa gente. 

A luta continua sendo a de um lado só.

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