FRENTES
A discussão sobre uma frente ampla antibolsonarista com participação da chamada "direita democrática", com vistas a 2022, é uma dessas fantasias que se renovam, de tempos em tempos, nas cirandas da esquerda nacional.
A ideia de que se deve apoiar qualquer um que possa tirar Bolsonaro do poder é o triunfo da preguiça política - e do cagaço - sobre a racionalidade.
Isso porque, simplesmente, não há nenhuma diferença programática entre essas duas facções da direita nacional - a neoliberal e a bolsonarista -, mas apenas estilos de governança, ambos, essencialmente, antidemocráticos.
Essa direita dita democrática, é bom lembrar, foi quem urdiu e colocou em prática o golpe de Estado de 2016 que retirou do poder Dilma Rousseff, uma presidenta eleita democraticamente, com base em uma fraude processual.
Foi a turma de Fernando Henrique Cardoso, Michel Temer e Rodrigo Maia, entre outros menos votados, que jogou o País no abismo moral e econômico que gerou, no limite do esgoto institucional, a eleição de Jair Bolsonaro. Junto com a Lava Jato, essa gente é a responsável direta pela presença de um demente na Presidência da República.
A turma das costas quentes só aceita participar de uma frente com a garantia de que nem o PT nem nada que cheire a governo popular tenham qualquer oportunidade eleitoral, daqui para frente.
E há um detalhe definitivo: ambos os lados, tanto as bestas feras do bolsonarismo como os dândis do universo DEM/PSDB, estão conectados com a mesmíssima agenda econômica neoliberal de privatização do Estado, entrega do patrimônio público e a manutenção do Brasil com nação dependente e periférica do capitalismo mundial.
Não há possibilidade, portanto, de a esquerda ter qualquer protagonismo ou aspirações de volta ao poder ao lado dessa gente.
A luta continua sendo a de um lado só.
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