Pesquisas de popularidade de governantes no mundo moderno são como nuvens. Refletem um momento específico.
Há bem pouco tempo vimos uma presidente da República, por efeito de manifestações de rua que nada tinham a ver com as ações do governo federal (o gatilho foi a majoração dos preços das passagens de transportes urbanos, assunto municipal), desabar de um aparentemente sólido patamar de 60% de ótimo e bom (que durou muitos meses), para em três meses perder 30% e nunca mais se recuperar plenamente.
Voltando ao presente.
Achei até tímida a subida na popularidade (5 pontos: 32% para 37% de ótimo e bom) do presidente Bolsonaro na pesquisa Datafolha divulgada hoje, 14/8. O momento é dele. É o protagonista da hora, reina absoluto, praticamente sem contraditório, embalado por políticas governamentais emergenciais de salvação de grande parte da população (com ajuda do "patinho feio" da política nacional, o Congresso, que turbinou o auxílio emergencial para milhões de famílias de R$ 200,00/mês para R$ 600,00/mês) e em um país semi-paralisado por efeito de um governo medíocre e uma crise de saúde pública sem precedentes na história contemporânea.
Mas e daí?
O que isso diz do futuro e das eleições de 2022?
Nada.
Um processo eleitoral é um momento de balanço, de prestação de contas, de contraditório. Será que o ex-capitão conseguirá, como obteve em 2018, o apoio de quase 100% da mídia, de 80% dos grandes empresários, de boa parte do ativismo judiciário, do linchamento do principal adversário (que mesmo assim teve 44% dos votos válidos), da facada milagrosa que não lhe tirou a vida, mas o tirou dos debates políticos e dos questionamentos sobre suas históricas posições políticas?
Será que a história se repetirá?
Auxílios emergenciais não duram para sempre. A ruína da educação brasileira, da cultura nacional, a retirada dos direitos do mundo do trabalho, a economia que não deslancha (independentemente de pandemia), o empobrecimento do país, o desgaste profundo do papel do Brasil no panorama global, a destruição ambiental que nos torna a cada dia mais isolados no mundo civilizado, o balanço das mortes pelo fracasso da estratégia de combate à COVID19, as denúncias de corrupção da família Bolsonaro, não terão impacto na discussão de qual futuro os brasileiros querem?
Sugiro aos pessimistas de plantão, praga pior que gafanhotos que destroem plantações, que recolham suas previsões catastróficas.
É muito cedo para descortinar o futuro.
O governo Bolsonaro é, até o momento, um governo de ruína nacional.
Alguma hora ele será cobrado pelo desastre.
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