Por que a base social bolsonarista permanece apoiando a tragédia existente? Observemos que é uma base social muito mais formada negativamente do que positivamente, muito mais pelo que é contra do que a favor, como o próprio "mito" deles, uma base formada e embasada pelo ódio, preconceito e raiva.
Vejamos seus componentes: Em boa parte do Centro-Sul do Brasil, como no Paraná e em Curitiba, uma classe trabalhadora e média baixa "branca", descendente de imigrantes europeus pobres e que se multiplicaram imensamente no Brasil do século XX ao saírem da Europa em crise, mantendo seus valores ideológicos explícitos e implícitos, verbalizados ou não, como o racismo, o desprezo pelo nacional-popular brasileiro, a adulação e o puxa-saquismo do que vem de fora, lambe-botas dos Estados Unidos e da Europa. Este segmento social até melhorou um pouco de vida nos anos inciais do Lulismo, mas a estagnação, a sabotagem e a crise estimulada pelo golpismo, mais as tendências globais do capitalismo precarizado, reduziram as expectativas deste grupo movido por fortes sentimentos negativos. Quando perceberam que os brasileiros ainda mais pobres, os negros, mestiços e nordestinos melhoraram um pouco mais de vida, saúde, renda, educação, acesso ao ensino superior, carteira de trabalho e se aproximaram deles, as naturais tendências autoritárias ou nazifascistas, das mesmas regiões europeias rurais de que vieram no fim dos séculos XIX e início do XX, da Alemanha, Itália, Polônia, Ucrânia, Espanha e Portugal, que tinham apoiado regimes autoritários em boa parte do século XX, Hitler, Mussolini, Pilsudski, Franco, Salazar, ideologicamente se auto-identificam com a panaquice dos Bolsonaros, a caricatura brasileira de todos eles.
Nas outras regiões periféricas brasileiras, principalmente nas grandes áreas urbanas e metropolitanas empobrecidas também temos massas dominadas por pastores evangélicos de direita, mulheres obedientes e conservadores-raiz no Nordeste, na Amazônia e que mesmo em menor número, desde as eleições, ainda formam uma certa base bolsonarista de direita nacional com seus parlamentares.
Grupos da classe média alta tradicional das corporações privilegiadas, alta burocracia, advogados, médicos, profissionais liberais, sistema judicial, militares, funcionários comissionados, jornalistas e empregados das mídias, puxa-sacos de patrões, todos formam grande base de apoio ao poder de direita e alguns com ganhos materiais, inclusive.
Os mais ricos também votam e defendem Bolsonaro por instinto e ideologia, reforçados por grupos entreguistas internacionalizados na burguesia, empresariado, executivos, MBAs, os com dupla cidadania, maçonarias, judeus de direita, opus dei e outros grupos de pressão cosmopolitas e internacionalizados.
Soma-se uma nova geração de classe média jovem, tipos gamers, nerds, hackers, emos, lutadores de artes marciais, admiradores de armas, machistas, sexistas, grupos reaças reforçados por segmentos de setores de profissões como as polícias, empresas de segurança, administradores, pequenos empreendedores falidos, grupos raivosos e cada vez maiores na crise de segurança do capitalismo contemporâneo.
Em comum com quase todos o ódio aos funcionários públicos concursados, o ódio aos professores e intelectuais, o desprezo pelos que têm amor aos livros e alguma cultura letrada, aos sindicalistas, aos religiosos progressistas, aos LGBTS progressistas e as culturas e artes emancipatórias da esquerda, enfim o jogo está sendo jogado e vai longe, de modo que a forte crise econômica e as mortes na pandemia não abalam imediatamente as crenças direitistas de boa parte dos núcleos duros bolsonaristas, somente o aprofundamento da crise econômica e principalmente a luta política por reivindicações e protestos da maioria, que só perde na conjuntura movimentará e abalará o bolsonarismo, o que foi suspenso momentaneamente pela pandemia.
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