Lutei toda vida pela igualdade e pela tolerância. Por isso, resolvi bloquear neste meu espaço os discursos identitários que pretendem o confronto entre etnias, sexos e orientações sexuais.
Descobri que o critério editorial dominante, tanto na mídia comercial quanto na alternativa, tem sido despertar a indignação, catando o que há de repugnante e escatológico em nossa tragédia social e pátria, presente, passada o futura.
O único resultado possível de tal seleção de horrores é difundir o sentimento de impotência, descrédito e desesperança.
O emprego identitário da estratégia de ódio, concebido nos projetos de globalização, é apropriação inadequada da dialética de Hegel, que Marx aplicou à luta de classes, tal como se apresentava na sociedade industrial, como “motor da História”, que só poderia levar à vitória de uma das classes ou a desaparição das duas.
Conflitos culturais entre homens e mulheres, homo e heterossexuais, nativos e imigrantes identificados por seus traços físicos, pelo contrário, existem desde sempre, resolvidos pelas sociedades com diferentes regulamentações e grau variado de êxito. O confronto não supera a segregação e elimina o ódio, mas os reforça.
Guardo meu ódio para quem o merece – exatamente os que, comandando justiceiros, oportunistas, ingênuos e boçais avulsos, agem com plena consciência dos males que causam. E se beneficiam deles.
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