segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Petrobras perde cerca de R$ 100 bilhões em valor de mercado desde sexta-feira

Risco é de que o recuo fique ainda maior, tendo em vista que as ações da companhia continuam sofrendo com uma onda de vendas dos investidores

Por Lucas Hirata e Marcelo Osakabe, Valor 

Em apenas dois pregões, a Petrobras (PTR4 e PTR3)já perdeu R$ 100 bilhões em valor de mercado, de acordo com dados registrados no Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, durante a manhã. A companhia saiu de um patamar de R$ 383 bilhões no fechamento de quinta-feira, logo antes do estouro da crise, e agora está sendo negociada a R$ 283 bilhões - um tombo de 25% em seu valor de mercado.

E o risco é de que o recuo fique ainda maior, tendo em vista que as ações da companhia continuam sofrendo com uma onda de vendas dos investidores.

Nas mínimas do dia, as ações ordinárias (PTR3) da companhia chegaram a cair só hoje 21,14%, a R$ 21,37, enquanto as preferenciais (PTR4) recuaram 21,44%, a R$ 21,47. É a maior desvalorização dos papéis, para um dia só de negociação, desde março de 2020 quando o mercado sofria os piores momentos da crise deflagra pela pandemia da covid-19.

Com isso, o tombo das ações em dois dias - até a mínima do de hoje - é de 27% e 21%, respectivamente.

A forte desvalorização ocorre após o presidente Jair Bolsonaro indicar o general Joaquim da Silva e Luna para o lugar de Roberto Castello Branco na presidência da estatal, o que agravou preocupações sobre a independência da companhia e sua política de preços, que acompanha as cotações do dólar e do petróleo no mercado internacional.

O movimento reflete ainda uma série de rebaixamentos de recomendação por parte de bancos e corretoras. O Bradesco passou sua visão de neutra para venda e indicou o preço-alvo do papel para R$ 24,00, de 34,00. Já o Credit Suisse passou sua própria recomendação de 'compra' para 'venda' e revisou o preço-alvo das ADRs da companhia negociadas em Nova York pela metade, de US$ 16 para US$ 8.

O Goldman Sachs por sua vez, comentou que a decisão de Bolsonaro é negativa para a Petrobras, mas manteve a recomendação de compra dos papéis, com preço-alvo de R$ 41,10 e R$ 27,30 para as ações ordinárias e preferenciais, respectivamente.

Ações de outras estatais também são castigadas nesta manhã, sob efeito da ameaça de mais medidas intervencionistas por parte do presidente Bolsonaro. É o caso de Banco do Brasil, que tomba 10,45%, e de Eletrobras, cuja ações ON e PNB têm queda de cerca de 4%.

Segundo relato de gestores ouvidos pelo Valor, há um claro movimento de zeragem de posição por parte do fundos, tanto nos papéis de Petrobras quando nos de outras estatais, como Banco do Brasil. “Vamos ajustar posições. A incerteza sobre a tese de investimentos tanto em Petrobras quando em Banco do Brasil aumentou demais, e não faz mais sentido manter as mesmas posições”, diz o profissional, sob condição de anonimato.

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