O velho clichê diz que “aqueles que não podem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo”.
É uma frase piegas como o editorial desta noite do Jornal Nacional lido pela dupla Renata Vasconcellos e William Bonner.
A sessão de autocongratulação foi recebida por muita gente boa com êxtase e furor.
Os dois apresentadores abriram a edição lamentando as mais de 50 mil mortes de coronavírus.
Justo.
Em seguida, Bonner falou das omissões do governo, da “minoria barulhenta” que não quer o tom de tragédia no noticiário e teceu loas ao “jornalismo profissional” praticado pela casa.
“A história vai registrar também aqueles que se omitiram, que foram negligentes, que foram desrespeitosos. A história atribui glória e atribui desonra. E história fica para sempre”, afirmou Bonner.
A história fica, de fato, para sempre.
Por isso é impossível não lembrar que o JN é diretamente responsável pelo clima de ódio que se instaurou no país e desaguou em Jair Bolsonaro.
Em nome de se livrar do PT, todos os recursos jornalísticos que porventura estejam sendo bem empregados hoje foram dirigidos para promover, por exemplo, a Lava Jato.
Vazamentos repassados pela República de Curitiba foram divulgados de maneira acrítica porque se tratava de destruir o lulismo.
Um dos principais repórteres do JN, Vladimir Netto, filho de Míriam Leitão, é autor de livro sobre Sergio Moro e seus apaniguados.
Miriam Leitão, Moro e Vladimir Netto: tudo em família
Toda a turma de Dallagnol estava no lançamento em Curitiba. Ele e a mãe emocionados na livraria com os “heróis”.
Moro é, hoje, chamado para comentar escândalos de um governo do qual foi funcionário por um ano e meio.
Queiroz e os Bolsonaros estão na ativa há décadas, barbarizando nas barbas da Globo no Rio de Janeiro.
Nada foi apurado durante a campanha em nome da mono obsessão antipetista. O “Fora Haddad” estava decidido.
Falta uma autocrítica, que não virá jamais.
Agora os Marinhos resolveram rifar Bolsonaro, enquanto poupa Paulo Guedes. E aplaudimos.
O regozijo com o show de Bonner e Renata é revelador do nosso caráter — e do nosso desespero.
O Brasil que baba ovo para o Jornal Nacional merece cada novo Bolsonaro que a Globo ajuda a gerar.
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