terça-feira, 11 de agosto de 2020

A vacina russa

Nilson Lage

Estão falando horrores da vacina russa.

Horrores que poderão ser repetidos para as próximas vacinas a serem anunciadas.

Todas elas estão sendo obtidas em processos sumários, a toque de caixa. Cuida-se de saber se são “seguras”, isto é, se não causam efeitos graves em grupos humanos limitados, e se provocam a produção de anticorpos para a infecção. Pouco mais que isso. Há indicação de dose, mas poderá ser refinada. Não se sabe quanto tempo a imunização dura – pode ser meses, anos, a vida toda. Não se conhece a doença e suas manhas. Podem aparecer efeitos correlatos residuais em indivíduos predispostos por algum motivo.

Não é como se faz normalmente. Vacinas levam muito tempo para serem testadas plenamente. A da ebola, cinco anos. A do sarampo sofreu muitas modificações. As da influenza renovam-se por causa das mutações do vírus.

É que a situação atual é de pânico, pois, anormal. Não se busca o elevador, mas a escada de incêndio.

O antecedente de que me lembro é o da vacina Salk, lançada nos anos 1970 contra a poliomielite: chegou a ser aplicada em larga escala, provou-se perigosa para algumas crianças em que causou a doença, e teve que ser substituída pela vacina Sabin, comprovadamente mais segura.

Na época, porque estamos em um mundo capitalista, ainda tentaram esvaziar o estoque da Salk, empurrando-a no Terceiro Mundo. O Doutor Sabin teve bom desempenho na campanha para nos livrar dessa. Se não me engano, ajudou-o, na época, a União Soviética.

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