A mesma desfaçatez que foi usada para derrubar Dilma, inventando qualquer justificativa para um impeachment sem base na lei, reaparece agora, com sinal invertido, para manter Bolsonaro no cargo.
Líderes do governo e do "Centrão" revelam notável ingenuidade ao enfrentar os depósitos do casal Queiroz na conta de Michelle. As explicações têm mais buracos que a camada de ozônio, mas e daí? No Brasil, o uso da lógica elementar se tornou um luxo inalcançável.
A corrupção se entrelaça com o envolvimento com as milícias e ambas levam ao aparelhamento do Estado para a proteção do grupo. A destruição deliberada do país (economia, meio-ambiente, direitos, saúde, educação, ciência) é o tributo pago por Bolsonaro para manter seu amplo arco de alianças nas classes dominantes.
Cada dia desse governo é um verdadeiro mostruário de crimes de responsabilidade. Mas Rodrigo Maia diz que não existem motivos para colocar em marcha um processo de impeachment.
Bolsonaro entende que tem uma margem ampla para suas estripulias. Enquanto estiver cumprindo a promessa de acelerar o projeto de regressão social do golpe de 2016, a oposição a ele será camarada.
Eu imaginei que a tragédia causada pela pandemia, que escancarou os efeitos do obscurantismo e da desigualdade extrema, faria balançar esse apoio. Que a direita que tem vergonha de Bolsonaro decidiria, enfim, descartá-lo.
Estava errado. Estão dispostos a continuar firmes, até a destruição completa do país.
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