“Fizemos todo o possível”. Claro, o possível para chegar a 100 mil mortes
Jair Bolsonaro, na antevéspera de o Brasil completar 100 mil mortes pelo novo coronavírus, disse que ” temos como realmente dizer que fizemos o possível e o impossível para salvar vidas, ao contrário daqueles que teimam em continuar na oposição, desde 2018″.
De cara, é de perguntar o que a oposição, sem poder e meios, poderia fazer para salvar vidas, a não ser contra o que julgava errado.
Mas quais foram “o possível e o impossível para salvar vidas” que Bolsonaro arroga-se a dizer que fez?
Dizer que o vírus não era perigoso? Provocar aglomerações de fanáticos que pediam o fechamento so STF? Mandar as pessoas para a rua, derrubar o isolamento, quando ele era a única arma provada de contenção do contágio? Oferecer a cloroquina até às emas do jardim do Alvorada? Demitir ministro após ministro da Saúde e mandar o Exército produzir uma cloroquinada que está encalhada e pronta para ser jogada fora?
Ou quem sabe foi o dizer que ia “morrer gente”, que isso é da vida, que seriam pessoas idosas e doentes, que já estariam com passagem marcada para outro plano?
E daí, não é?
Bolsonaro explica a louvação à cloroquina dizendo que “não existia, naquela época, como não existe, uma vacina, não existia medicamento, apenas a promessa, no primeiro momento, da hidroxicloroquina, depois outras coisas apareceram”. Não se sabe o que apareceu, se o vermífugo, a cânfora ou a insuflação de ozônio, mas certamente nada que tenha uma mínima sustentação científica.
Os modelos matemáticos de instituições de saúde já nos projetam uma perda de quase 200 mil vidas até dezembro.
Bolsonaro, certamente, não fez o possível.
Mas fez o impossível, o impensável, o inaceitável e a história o condenará.
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