quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Liberalismo é sinônimo de escravagismo

Nilson Lage

Não é preciso ter lido Losurdo, ou mesmo saber quem foi Karl Marx, para constatar que o liberalismo econômico estimulou o escravismo por centenas de anos, enquanto os liberais ideológicos fingiam não ver.

Da mesma forma que a palavra “amor”, por ser ambígua, inocenta o pecado (ou o que, na tradição cristã, tem esse nome), a palavra “liberal” põe a máscara de tolerância em uma ideologia que valida qualquer forma de exploração do homem pelo homem. Liberais toleram campanhas pela descriminalização de drogas, aceitação da homossexualidade ou o feminismo, mas poucos, como vemos hoje, deixam de torcer o nariz para horripilantes sindicatos, greves e movimentos camponeses.

O liberalismo econômico promoveu a escravidão de africanos e indígenas na América já no Século XVI, quando essa forma de produção já havia sido substituída há muito na Europa pela servidão, isto é, pela aceitação dos trabalhadores como parte da propriedade fundiária feudal, aos quais se garantia a possibilidade de produzir para a própria sobrevivência – e, pois, em termos marxistas, reprodução da força de trabalho.

A postura da potência liberal hegemônica, a Inglaterra, só iria mudar quando, no contexto da onda de agitação europeia que reagia à exploração dos proletários pela revolução industrial, em meados do Século XIX, tornou-se necessário promover a diáspora dos excedentes populacionais do continente– e o espaço disponível para os emigrantes era exatamente o trabalho nas colônias.

Ainda assim, países com discurso liberal, como a Bélgica ou a França, mantiveram em suas colônias políticas brutais no trato com os nativos, promoveram massacres e organizaram ações repressivas de cunho fascista, como no episódio da independência da Argélia. Não é muito diferente o que ocorreu na Índia sob domínio inglês.

Churchill, por exemplo, era um colonialista feroz.

Quando os fazendeiros norte-americanos se inspiraram na Revolução Francesa para proclamar a independência das treze colônias, ninguém notou que nelas havia escravos e que o jovem Estado tinha como objetivo nacional o genocídio dos povos indigenas de cujas terras se iria apropriar.

Só agora multidões de jovens brancos de origem saxônica nos Estados Unidos estão descobrindo que a questão étnica é apenas uma estratégia diversionista para ocultar a luta de classes ; e, assim, . juntam-se a negros, mestiços (que, lá, nem nome merecem) e latinos numa luta que, em última instância, é comum – obviamente comum, no atual nível de concentração de riqueza.

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