Depois do Estadão, hoje é a Folha que defende o impeachment em editorial, acompanhada por dois colunistas de peso: Jânio de Freitas, na próprio pasquim paulista, e a mãe do biógrafo de Moro & Deltan, no jornal carioca. Bom sinal.
Por outro lado, a própria Folha traz uma extensa e desanimadora matéria em que os donos do dinheiro deixam claro que não querem o impeachment, querem as reformas de Guedes e, ao mesmo tempo, a imunização. Pra bom leitor, a matéria revela o que já sabemos: o empresariado brasileiro é predatório e amoral, não tem visão de nação, nem mesmo visão ampla da Economia. E se eles não querem impeachment, dificilmente chegaremos a ele.
Afinal, foram eles, e somente eles, não os panelaços da classe média, que impicharam Dilma.
E falando em Dilma, é de assombrar o salto retórico triplo carpado da mãe do biógrafo de Moro & Deltan ao falar dela. "Com seus erros de decisão, sequenciais, Dilma desmontou a economia. A recessão destruiu 7% do PIB em dois anos, a inflação voltou a dois dígitos, o desemprego escalou, o déficit e a dívida deram um salto. Tudo isso derrubou sua popularidade e ela não teve sustentação política. Não foi um golpe. (...) Se permanecer intocado e com o seu mandato até o fim, a história será reescrita naturalmente. O impeachment da presidente Dilma parecerá injusto e terá sido. E isso porque diante de crimes muito mais graves do que os que provocaram a desordem econômica, as instituições cruzaram os braços e lavaram suas mãos deixando Bolsonaro protegido".
O título do artigo, inclusive, é "impeachment pelo passado e pelo futuro".
Olha, se tem uma coisa que sei por experiência própria e convívio é que jornalista da grande imprensa não tem e não faz autocrítica. Há algo no crachá, desconfio que alguma erva mágica, que altera o DNA das pessoas e as impede de reconhecer erros. Não fosse isso, a gente até poderia imaginar que há jornalistas percebendo que a História já foi reescrita e ter apoiado o Golpe e a Lava-Jato vai pegar muito mal pra eles no futuro.
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