Ontem, no editorial do Estadão; hoje no da Folha de S. Paulo: a palavra impeachment começa a andar em todas as bocas, embora não esteja (ainda) em todos os becos.
Ainda assim, é inegável que o governo Jair Bolsonaro entrou em processo de decomposição.
Os dois temas que preocupam a população – Saúde e Economia – estão tendo um tratamento, nada precoce, errático, inconsistente, improvisado ou, numa palavra, ridículo.
Já não há o espaço orçamentário e de aceitação empresarial a um novo auxílio emergencial que nos acuda diante da nova onda pandêmica. Paulo Guedes o nega e pretende que um sistema de “vales” – a simples antecipação de 13° de aposentados e pensionistas – possa ajudar na travessia de um semestre desastroso neste início de 2021.
É na economia que o grande fogo de crises arde e todos viram que o auxílio emergencial funcionou em 2020 como seu resfriador. E a água fria, pelo visto, acabou.
Na Saúde, o que era patético em Eduardo Pazuello, finalmente, ganhou sua verdadeira face de trágico e criminoso e a provável abertura de inquérito no Supremo Tribunal para apurar os eventos macabros de Manaus vai levar lenha à fornalha pública onde assa o roliço general.
Assa, aliás, não só o seu couro, mas a imagem de todas as Forças Armadas, metidas numa enrascada onde se misturaram ambição, arrogância, autoritarismo e, sobretudo, burrice e anacronismo.
Estão dados, portanto, os elementos para um processo de pânico social: há o medo da morte e da crise econômica somado à escuridão de um governo sem Norte, sem rumo, órfão de sua referência norte-americana e mundialmente marginalizado por sua estupidez.
Janio de Freitas tem completa razão quando afirma hoje que encarar “o impeachment não apenas como solução, mas sobretudo como necessidade, avançou mais e ganhou mais exposição nos últimos dias do que nos dois anos de Bolsonaro até a tragédia pandêmica em Manaus”.
É exatamente isso que o país sente: o peito opresso, a dificuldade de respirar para viver, a incerteza sobre o que lhe vai acontecer.
Bolsonaro passou a sufocar o Brasil.
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