Parece que ninguém está vendo o que ocorre no país. Manaus é o Brasil amanhã
Vamos falar sério. O Brasil está desgovernado. Estamos no regime do salve-se quem puder.
O Helinho (assim eu o chamava quando começou a trabalhar na Folha, com cachimbo e caneta tinteiro, que eu adoro) às vezes transita pelo ambiente nefelibata em suas colunas. Escreveu um artigo que hoje lhe vale um processo. Usou um raciocínio consenquencialista para dizer que Bolsonaro seria mais útil morto do que vivo.
Fazendo as contas, ele tem razão. Bolsonaro vivo custa mais de mil mortes diárias ao país. Hélio, porém, tem uma frieza "filosófica" que eu não tenho. Mas os números lhe dão razão. Esse processo contra ele não passa de bazófia.
Impeachment? Bolsonaro nem deveria ter sido eleito. Ele fraudou as eleições. Patrícia Campos Mello que o diga. Mas hoje vemos supostos luminares dizerem que não há condições políticas, que a popularidade deste capitão terrorista ainda é alta.
Política não se faz com o fígado como dizem os "especialistas" de plantão a serviço de qualquer governo. Estão espalhados pela mídia como praga. Mas também não se faz com neurônios alimentados por trapaças e verbas escandalosas para afagar acólitos.
A confiar nas "pesquisas", Bolsonaro tem cerca de 30% de aprovação. Suponha-se que os dados estejam corretos. Aí temos o seguinte: 2/3 do Brasil estão sendo governados por alguém que nem de longe representa a maioria. Precisa desenhar?
Bolsonaro é um bandido. Sim, um bandido. As fotos e os discursos não deixam dúvidas. Criou-se a si mesmo e sua família na mesma forma. Uma quadrilha que sobrevive à custa de chicanas judiciais. Para alimentá-las, o pretenso presidente parte para xingamentos a esmo. "Ah, ele fala a linguagem do povo". De que povo esta gente fala? Certamente não é o povo brasileiro. Mas sim o dos porões dos piores momentos que este país já viveu. Ou do pessoal que andou invadindo o Capitólio em Washington.
Nesta segunda-feira (1º) vai ocorrer o cerimonial de eleições para as duas Casas do Congresso. Todos sabem que isso se decide no dinheiro raso. Todos? Nem todos. Não há oposição de fato. O PT, maior bancada do Congresso, parece ter decidido se afundar na lama definitivamente. Uma decepção para quem procura uma saída para estes tempos tenebrosos. Seu apoio a Baleia Rossi etc. é um atestado de óbito autoassinado do partido.
Parece que ninguém está vendo o que ocorre no país. Manaus é o Brasil amanhã. O ministro da Saúde, "especialista em logística", não seria contratado como trainee de contabilidade em nenhuma empresa de garagem. É um paspalho que se orgulha de ser paspalho.
Os donos do dinheiro aos poucos parecem perceber isso. Ainda não o suficiente para mandar Bolsonaro para a lata do lixo de onde ele nunca deveria ter saído.
Mas o principal não é isso. O Brasil só vai mudar de fato quando as forças democráticas verdadeiras se movimentarem. Enquanto isto não acontecer, o destino é o desespero. Com sabor de leite Moça.
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