domingo, 27 de janeiro de 2019

Como resolver um problema de segurança na rua com um roteador

Fabio Sa e Silva

Circula na internet essa sequência de tuítes, que renderam à autora a qualificação de "gênia"

Na verdade a "teoria" por trás disso é bem desenvolvida e aplicada em países que levam a segurança a sério

Eu a escutei pela primeira vez numa palestra do falecido Paulo de Mesquita Neto, que foi fazer mestrado na Columbia University, nos anos 1990, para entender como cidades como NY e Bogotá haviam reduzido a violência

Todas apostaram na "publicização" de espaços urbanos: mais gente circulando, menos áreas abandonadas, mais segurança e menos vulnerabilidade das pessoas a crimes violentos (assaltos, homicídios, estupros)

Mas quando falamos isso, vem um fazendo arminha e dizendo pra "levarmos os bandidos pra casa". "O importante é armar o cidadão de bem, talkei?"

Nesse sentido, devo dizer que a autora é duplamente genial

Primeiro por ter elaborado uma solução aplicada e barata para dar conta da própria segurança. Segundo por ter remado contra a maré de simplismos que tomou conta dessa discussão.

Cecília do Lago

Resolvi o problema de segurança da rua atrás da minha casa. É simples e requer apenas um roteador.

Como tenho o hábito de chegar tarde em casa, e a rua atrás da minha casa é mais ampla e teoricamente mais segura que a minha própria rua. Acabo voltando por lá. Entretanto, ela é muito erma.

Resolvi abrindo uma rede pública no meu roteador, com limitação de banda.

A rede não tem força pra segurar um streaming (afinal não sou operadora de ninguém) mas é o suficiente para, agora, 4 meses depois da medida, a rua tem sempre uns 5 ou 6 adolescentes na calçada até as 1h da manhã.

A amplitude da minha internet grátis pega apenas poucos metros, então eles praticamente ficam sentadinhos na guia em frente à minha casa e a do vizinho, mexendo no celular, papeando, andando de skate e até tem umas crianças jogando bola.

Agora está muito mais seguro, e até outros vizinhos estão mais confiantes em ficar na rua até altos horários, andar de bicicleta, ou só ficar com o carro na frente de casa com um som e tomando uma cerveja.

Meu problema foi parcialmente resolvido, a rua ficou muito melhor. Estou até super feliz porque eu juntei alguns casaisinhos e eles ficam papeando até altas horas no portão do vizinho e mostrando memes uns pros outros. A sensação de segurança aumentou bastante.

Obviamente que eu não acho que é um roteador que vai resolver a segurança no Brasil.

Mas às vezes uma pequena atitude pode ter um impacto hiperlocal muito mais forte do que uma grande e custosa política pública. Conhecendo cada lugar, cada necessidade, pensando a melhor medida.

Ey molecada, claro que não é pra abusar. Se hackearem alguém ou aprontarem e eu me ferrar por causa disso, a mamata da internet grátis acaba no dia seguinte!! Teje avisado.

A verdade é que tem um monte de adolescente de bobeira por aí, e tudo que eles querem é mexer na Internet sem os pais por perto. E com o avanço do celular muitas pessoas não veem vantagem em pagar caro pra ter uma Internet fixa em casa.

Eu quando era jovem (rs eu ainda sou mas hj tenho muito mais experiência em ser jovem) só queria saber de ficar na internet discada da madrugada, quando comia um pulso só da linha. Papeando e vendo bobagem.

A tecnologia avança mas os objetivos são universais.

Óbvio que não resolvi o meu problema em definitivo. A molecada não fica na minha rua todo dia. E se todos meus vizinhos me imitarem, vai faltar adolescente no mundo pra dar conta de tanta demanda por jovem na calçada.

É isso gente, a dica é quase uma música do Charlie Brown Jr: vamos parar de brigar com o adolescente, ele só quer internet. É como abelha e a tua lata de refri.

Se você tem um daqueles roteadores de 2 antenas (recomendo), pode levantar até 4 redes Wi-Fi isoladas em duas frequências distintas. Nenhum jovem derruba seu torrent e você terá 4 linhas pra zoar seu vizinho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário