quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Hoje estamos em situação pior do que no final da última ditadura


Ricardo Costa de Oliveira

A decisão do deputado Jean Wyllys de desistir do mandato e se exilar demonstra o aprofundamento do regime de exceção golpista ilegítimo no Brasil, quando não há confiança nas autoridades e nem nas instituições a serviço do autoritarismo. As notícias de hoje mostram exatamente isso quando aumentam o sigilo de dados de gastos no segundo escalão e querem retirar parentes de políticos das investigações do COAF, alô nepotismo. 

As denúncias no assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson, que não era laranja, conectam importantes políticos, esquemas de dinheiro, redes de milicianos, famiglias no poder e confirmam as ameaças contra defensores dos direitos humanos e da causa LGBT, como Wyllys. 

Seguramente podemos classificar hoje o regime político brasileiro como mais ilegítimo, regressista e mais descontrolado do que no período da ditadura com Geisel, que procurou tentar frear a bandidagem institucionalizada nos assassinatos políticos a partir de Herzog e Manoel Fiel Filho, em 1976 e o General Figueiredo, com a anistia de 1979, trazendo os políticos brasileiros de volta, mesmo com a crise no regime. 

Hoje estamos em situação pior do que no final da última ditadura, com a maior liderança popular, Lula, como preso político sem ter cometido nenhum crime de responsabilidade e com gravíssimos crimes políticos impunes e acobertados, o assassinato de Marielle, apontando poderosos operando de dentro do establishment. Agora temos políticos brasileiros se exilando por causa de ameaças e do clima de insegurança. O Brasil deixou de ser uma democracia burguesa desde o golpe de 2016 e é um regime híbrido autoritário, sem judiciário independente, sem instituições de Estado, como as Forças Armadas e de Segurança, aparelhadas nas cúpulas por grupelhos de extrema direita golpistas.

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