sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Mídia enterra Bolsonaro vivo e prepara Mourão


247 - Os três dos principais grupos de comunicação do país praticamente desembarcaram do governo Bolsonaro depois de terem sido decisivos em sua eleição em 2018 e na guerra política ao PT desde 2014. A família Marinho respondeu com um jornalismo incisivo e agressivo, ao assumir a dianteira das investigações da imprensa sobre o caso Queiroz e, nesta semana, do envolvimento de Flávio e o clã Bolsonaro com o crime organizado no Rio, movimentando seus principais veículos, a TV, especialmente o Jornal Nacional, a Globo News e O Globo. As revelações feitas pelos veículos da empresa colocaram o governo em xeque e foram a principal causa da crise atual.

O jornal O Estado de S.Paulo, que havia se tornado um panfleto bolsonarista na campanha, devido a seu antipetismo visceral, voltou-se contra o presidente em editorial nesta quinta-feira 24 e praticamente decretou a falência do mandato de Bolsonaro. O jornal desferiu ataques virulentos contra o cancelamento da coletiva: "Num vexame sem precedente, o presidente Jair Bolsonaro evitou a imprensa em Davos, cancelando uma entrevista e deixando jornalistas e cinegrafistas brasileiros e estrangeiros à sua espera numa sala do Fórum Econômico Mundial." Depois, contra o discurso: "Produziram um mexidão com ideologia e insuficiência de informação relevante. Foi mais uma versão requentada de um discurso eleitoral. Mesmo os frequentadores mais conservadores de Davos devem estar pouco interessados na restauração dos valores da família brasileira. Os menos pacientes devem ter achado patética a afirmação sobre como foi escolhida a equipe de governo". E, por fim, praticamente interditou Bolsonaro ao afirmar que ele apresenta "más condições para o exercício de uma função física e psicologicamente exigente como a que acaba de assumir".

A Folha de S.Paulo, que aderiu firmemente a Bolsonaro na campanha, a ponto de proibir seus jornalistas de o qualificarem como de extrema-direita, considerou que o envolvimento do clã com o Escritório do Crime no Rio ultrapassou todos os limites institucionais. "A descoberta põe a crise em outro patamar porque não se trata mais de desconfiar que Flávio, como deputado estadual, integrasse um esquema banal de desvio de recursos públicos", aponta o texto. "Nada tem de banal, porém, a ligação de um legislador brasileiro com um sujeito apontado como chefe de uma das quadrilhas mais perigosas do Rio, acusada de sequestrar, torturar e assassinar pessoas, além de explorar mercado imobiliário clandestino e extorquir moradores de comunidades carentes." Mais que Flávio, a bateria dos Frias voltou-se contra o próprio presidente: "Tampouco é prática conhecida, e muito menos aceitável, a proximidade do próprio presidente da República com gente que parece pertencer a uma organização criminosa armada."

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