quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Bolsonaro é o mandante da morte de Marielle? Se não for, parece.


É leviano (😂) fazer qualquer ilação de envolvimento de Jair Bolsonaro na morte de Marielle, mas os fatos revelados pelo Jornal Nacional são gravíssimos. Há vários fatos nunca explicados sobre a relação dos Bolsonaro com membros do Escritório do Crime. Relembrarei nesse fio. 

Em janeiro, eu, Bruno Abbud e Vera Araújo revelamos que Flávio Bolsonaro empregou durante anos a mãe do ex-PM Adriano Magalhães da Nóbrega, chefe do Escritório do Crime.
Flávio Bolsonaro empregou mãe e mulher de chefe do Escritório do Crime em seu gabinete
Adriano foi capitão do Bope (daí a alcunha Capitão Adriano). É considerado um dos maiores assassinos de aluguel do Rio e apontado pelo MP como chefe da milícia do Rio das Pedras. Também foi segurança de bicheiros famosos no Rio, mas sempre escapou de investigações. 

Ronnie Lessa, vizinho de Bolsonaro acusado de assassinar Marielle, também é ligado ao Escritório do Crime, segundo as investigações. 

A mãe de Adriano, Raimunda Veras Magalhães, foi uma das assessoras do gabinete de Flávio que passaram dinheiro para Queiroz, de acordo com o relatório do Coaf que deflagrou a investigação contra o ex-assessor. Há fortíssimos indícios de que ela era funcionária fantasma. 
Flávio Bolsonaro responsabiliza Queiroz por nomeação de parentes de chefe do Escritório do Crime em seu gabinete
Após nossa reportagem, Queiroz admitiu ter indicado as parentes de Adriano para os cargos. Os dois trabalharam juntos no 18° BPM (Jacarepaguá), responsável pelo policiamento no Rio das Pedras.

Além das nomeações de parentes, Capitão Adriano foi agraciado com homenagens e discursos apaixonados do clã Bolsonaro.  Em 2005, recebeu a Medalha Tiradentes, maior honraria do estado, de Flávio. 

Em 2003, já havia recebido uma moção de aplausos ao lado de seus colegas de serviço no 16° BPM (Olaria). Eles eram conhecidos como a guarnição do mal e foram ligados a sequestro, tortura, extorsão e assassinato. Eu e Vera Araújo também contamos essa história:
Flávio Bolsonaro homenageou policiais acusados de participar de 'guarnição do mal'
A forma como barbarizava na Zona Norte fez Adriano ser preso ainda como PM. Em 2005, ele chegou a ser condenado por homicídio em primeira instância. Dias depois da sentença, Jair Bolsonaro o defendeu no plenário da Câmara. Também escrevi sobre isso.
Jair Bolsonaro defendeu chefe de milícia em discurso na Câmara
Ah, adivinha quem foi o único policial homenageado no mesmo dia que Adriano e sua guarnição do mal? Ele mesmo, Fabrício Queiroz. 

Em 2004 Flávio também homenageou o major Ronald Pereira, assim como Adriano apontado como um dos chefes da milícia do Rio das Pedras e alvo da Operação Intocáveis, do @MP_RJ

Voltando à mãe de Adriano, há uma coincidência no relatório do Coaf ainda sem explicação. Raimunda é sócia de um restaurante no Rio Comprido. O negócio fica em frente à agência do Itaú onde houve mais depósitos em dinheiro vivo na conta de Queiroz. Foram R$ 91 mil em um ano. 

Capitão Adriano foi sócio de outro restaurante na mesma rua no Rio Comprido. Ele e a mãe têm uma sócia em comum. Tudo isso precisa ser investigado e esclarecido pelas autoridades. As investigações estão paradas desde julho, por decisão do presidente do STF, ministro Dias Toffoli. 

A decisão de Toffoli foi dada no plantão judiciário, horas depois de o pedido ser protocolo pelo advogado de Flávio. Estavam na fila 42 pleitos do mesmo tipo neste processo, mas só o do filho 01 do presidente mereceu urgência.
Com 42 ações pendentes, Toffoli só viu urgência ao analisar caso Flávio
Sem querer biscoito, mas praticamente nada do que está nesse fio veio de autoridades da polícia e do MP. Foi trabalho suado de muitos jornalistas que investigaram a fundo o Caso Queiroz e a morte de Marielle Franco. Não à toa, a live do presidente teve ataques irados à imprensa. 


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