Afinidade
Kennedy Alencar
Bolsonaro e Moro não podem acionar a PF como se ela fosse uma polícia política. É assim que o presidente quer usar a Polícia Federal quando diz estar conversando com o ministro da Justiça sobre tomar um depoimento do porteiro.
Uma investigação tem de obedecer aos requisitos legais e não à vontade do presidente da República de plantão. Tampouco de um ministro da Justiça. Moro precisa explicar isso ao chefe.
A reportagem do "Jornal Nacional" foi jornalisticamente impecável. Deu o furo: no dia do crime, suspeito de matar Marielle entrou no condomínio para encontrar outro suspeito dizendo que iria à casa de Bolsonaro.
Teve o cuidado de deixar claro que informações do dia apontariam presença de Bolsonaro em Brasília, expondo eventual contradição do depoimento do porteiro.
A reação de Bolsonaro na live de ontem foi autoritária. Ameaçar um veículo de imprensa é crime de responsabilidade. Comportou-se como um ditador. O presidente, deve, sim, explicações ao país.
Está anotado no livro de visitantes do condomínio que o suspeito Élcio se dirigia à casa de Bolsonaro. Detalhes do carro usado estão também anotados. Já seria uma trama contra Bolsonaro no dia da morte de Marielle? Claro que não.
Repetindo: é o presidente quem deve explicações ao país. As ligações suas, de seus familiares e de Fabrício Queiroz com milicianos são de conhecimento público e notório. Claro que o presidente tem o direito de se defender, mas tem de fazê-lo dentro do marcos legais da democracia.
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