Luis Felipe Miguel
Logo depois que Ratzinger foi eleito, encontrei com uma amiga católica, que estava revoltada com a escolha. Provoquei: "Uai, mas o Espírito Santo não diz aos cardeais quem deve ser papa?" Ela respondeu: "Sim, mas nem sempre os cardeais escutam".
Lembrei disso porque, com a férias em ritmo mais caseiro do que o esperado, graças ao braço quebrado da Regina, assisti aos Dois papas, de Fernando Meirelles.
Quem diria que aquele cardeal ultra-reacionário era, na verdade, um velhinho inofensivo, um pouco fanático e ranzinza, talvez, mas com bom coração e sedento por calor humano?
Na qualidade de anticinéfilo, não me cabe fazer crítica cinematográfica. Também não teria algo de novo a dizer sobre Dois papas - atores magníficos em interpretações soberbas, boa fotografia, roteiro competente, mas raso e previsível, com excesso de didatismo em algumas passagens.
O que me incomodou, mais ainda do que a humanização convencional de Ratzinger e a contundência insuficiente na discussão da relação de Bergoglio com a ditadura argentina, é como o filme anula a política interna (e externa) da Igreja, reduzindo-a inteiramente a um embate entre duas visões diferentes do sacerdócio.
É um filme que começa e termina na interpretação oficial da Igreja Católica sobre seu papel no mundo.
Para mim, um filme político fracassado, que evitou enfrentar seu tema.
Olá.
ResponderExcluirGrata pelo comentário, já estava na dúvida e agora decidi, não perderei meu tempo assistindo esse filme. Apoio o Papa Francisco e suas idéias.
Feliz Natal...