quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

A família Gandra Martins


Ricardo Costa de Oliveira

Qual a genealogia da família Gandra Martins? A greve dos petroleiros novamente chamou a atenção da família Gandra Martins. O ministro do Tribunal Superior do Trabalho, Ives Gandra da Silva Martins Filho, apontou exercício abusivo e ilegal do direito de greve, possíveis sanções disciplinares e estipulou a cobrança de pesadas multas diárias aos sindicatos. É notória a orientação político-jurídica conservadora, vínculos com a Opus Dei e o pensamento conservador. A irmã, Angela Vidal Gandra da Silva Martins, Secretária Nacional da Família no Ministério de Damares. Outros irmãos: Rogério Gandra Martins no escritório jurídico da família. Regina Vidal da Silva Martins Couto, jornalista. Renato Vidal da Silva Martins, matemático. Roberto Vidal da Silva Martins, advogado. Ives Gandra da Silva Martins, o pai, conhecido jurista e advogado formado pela faculdade de Direito da USP, foi presidente da Academia Paulista de Letras (APL). Casado com Ruth Vidal, advogada da mesma turma de 1958 da USP. Outros irmãos são os talentosos pianistas João Carlos e José Eduardo Martins e o economista José Paulo Gandra da Silva Martins. 

O pai de Ives Gandra da Silva Martins foi o imigrante português José da Silva Martins, nascido em 1898, na cidade de Braga, no norte de Portugal, faleceu aos 102. Enriqueceu no Brasil como muitos outros imigrantes e a família não oculta suas origens modestas em Portugal: "Meu pai (José da Silva Martins) foi filho de uma mãe solteira". E a mãe Alay Gandra Martins, de Ribeirão Preto, nasceu em 1907. 

Aqui entra a genealogia que interessa politicamente em suas conexões tradicionais e conservadoras no Brasil. A família de Alay Ferreira Gandra era uma das principais de Ribeirão Preto, o major Francisco Ferreira Gandra e sua esposa Joana Ferreira Gandra, grandes fazendeiros no Bonfim. O major possuiu a Fazenda Santana e foi um dos pioneiros no distrito de Bonfim, um grande proprietário rural no passado, ainda que a família vendesse as terras e passou por uma reciclagem, mas os capitais sociais e as redes permanecem. Atualmente a Rua Major Francisco Gandra é nome de uma das principais ruas daquela localidade, confirmando a teoria que boa parte da elite tradicional brasileira descende do velho senhoriato dos séculos XIX e XVIII, com longas genealogias anteriores. 

A família Ferreira Gandra vem de Jundiaí/SP e seus membros atuavam no Partido Conservador, na maçonaria, na Guarda Nacional, militares e na política local, o típico pacote de todas as famílias do senhoriato local brasileiro. Sempre falei que a classe dominante tradicional brasileira, dos grandes aos pequenos senhores, forma uma espécie de grupo étnico, brasileiros descendentes do senhoriato colonial português e uma classe social histórica, geralmente tendendo a permanecer nos grupos superiores ao longo de várias gerações porque domina a educação, as instituições (políticas, jurídicas, militares, mídia, empresariado), a política e os valores tradicionais. As linhagens masculinas coloniais são importantes e a transmissão de capitais sociais também se reproduziam pelas mulheres. Espero que os membros da família Gandra Martins não se conspurquem moralmente com o bolsonarismo, o mesmo vale para toda classe dominante tradicional que apoiou estes milicianos.

2 comentários:

  1. Eu gostei do seu artigo. E concordo com o final. No entanto, não concordo 100% com a sua certeza de as elites se perpetuam. Eles veem e vão. Já vi elite de esquerda e de direita. O problema é esse zé povinho tipo o Silvio Santos, velho da Havan, etc. mas eles não são elites culturais. Admiro demais a família Gandra Martins.

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  2. Texto tendencioso, capenga, falho em análise e argumentos ...denotando, simplesmente, sentimentos de ódio e frustração. A maturidade da nação brasileira está atrelada a uma abordagem histórica desprovida de interesses pessoais de pseudos historiadores carentes de platéia...

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