Nilson Lage
Só general cego não vê que a subversão nas polícias militares fomentada pelo bolsonarismo terá consequências além do desgaste político dos governadores do Nordeste (o de Minas, que é de direita, não é burro e sabe das coisas, deu o aumento de soldo que a tropa miúda exigia -- mais de 40% -- ainda que às custas do tesouro do Estado; a Assembleia Legislativa, jogando o jogo, estendeu a benesse a todo o funcionalismo).
Deve-se pensar além das eleições municipais deste ano e as nacionais de 2022.
Com um cabo ou terceiro sargento ganhando o mesmo que um professor doutor concursado em universidade federal, é claro que a onda miliciana, mais cedo ou mais tarde, embalará fuzileiros navais, marujos e tropas de elite, também no Exército.
Espera-se um dos bolsonaros discursando aos sargentos: acho que o Automóvel Clube ainda fica no Passeio Público.
Só um asno geopolítico não percebe que tudo se passa conforme um plano de liquidação das instituições nacionais. Isso inclui o modesto salário de R$ 33 mil, fora penduricalhos, nos excelentíssimos contracheques, bem como a farta distribuição de reemprego cala-a-boca a aposentados militares no topo da hierarquia.
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