sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

O sufrágio das armas


Nilson Lage

Só general cego não vê que a subversão nas polícias militares fomentada pelo bolsonarismo terá consequências além do desgaste político dos governadores do Nordeste (o de Minas, que é de direita, não é burro e sabe das coisas, deu o aumento de soldo que a tropa miúda exigia -- mais de 40% -- ainda que às custas do tesouro do Estado; a Assembleia Legislativa, jogando o jogo, estendeu a benesse a todo o funcionalismo).

Deve-se pensar além das eleições municipais deste ano e as nacionais de 2022.

Com um cabo ou terceiro sargento ganhando o mesmo que um professor doutor concursado em universidade federal, é claro que a onda miliciana, mais cedo ou mais tarde, embalará fuzileiros navais, marujos e tropas de elite, também no Exército.

Espera-se um dos bolsonaros discursando aos sargentos: acho que o Automóvel Clube ainda fica no Passeio Público.

Só um asno geopolítico não percebe que tudo se passa conforme um plano de liquidação das instituições nacionais. Isso inclui o modesto salário de R$ 33 mil, fora penduricalhos, nos excelentíssimos contracheques, bem como a farta distribuição de reemprego cala-a-boca a aposentados militares no topo da hierarquia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário