quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

O capanga de Bolsonaro


Moisés Mendes

BOLSONARO, AS MILÍCIAS E A LEI DE SEGURANÇA NACIONAL

Lula prestou depoimento hoje à Polícia Federal em Brasília, em inquérito aberto por requisição de Sergio Moro. O ex-juiz quer enquadrar Lula na Lei de Segurança Nacional por ter dito que o governo tem ligações com milicianos.

Todo mundo repete todos os dias que Flávio Bolsonaro, o pai dele, a família toda tem ligações com milicianos. A polícia (inclusive o Bope da Bahia), o Ministério Público, o Coaf e até as gaivotas da Barra da Tijuca sabem que os Bolsonaros são ligados a milicianos.

Um grande miliciano morto na semana passada era ligado aos Bolsonaros. Corre no Rio, por conta do Ministério Público que não teme os Bolsonaros, a investigação sobre a atuação de laranjas no que o MP define como uma quadrilha formada em torno de Flávio para fazer funcionar o esquema das rachadinhas.

O esquema era movido com a ajuda de muita gente ligada a milicianos. Um deles era o miliciano morto na Bahia.

Mas, pelo que se entende da iniciativa de Moro, isso não quer dizer que a ligação seja do governo com os milicianos. Os Bolsonaros seriam os Bolsonaros, e o governo seria outra coisa.

Lula, ao dizer que os Bolsonaros são ligados a milicianos, estaria pondo em risco a segurança nacional. Não são os Bolsonaros, por suas ligações com as milícias, que põem o país em risco, mas o ex-presidente que diz o que todo mundo sabe.

Sergio Moro não larga do pé de Lula. Mas pode estar cometendo um erro. Pela insistência em atuar como advogado de Bolsonaro e pela decisão de ocupar o mesmo espaço da extrema direita do chefe, Moro pode ter entrado num brete sem volta.

Em algum momento, quando passar dos limites, estará disputando, como candidato, as atenções do mesmo público imbecilizado pelo seu líder.

Se conseguir continuar brilhando mais do que o chefe, com liderança de preferência nas pesquisas no eleitorado da extrema direita, boa parte dessa direita extremada não vai gostar. Nem as milícias.

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