quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Chegamos mesmo ao fim


João Ximenes Braga

Acabo de ler que a Nature, talvez a revista científica de maior repercussão internacional, publicou um manifesto assinado por mil e duzentos cientistas e líderes indígenas alertando para a destruição das políticas ambientais no Brasil. Só que foi publicado dia 3, portanto, já está desatualizado. Nas últimas 48 horas, o necrogoverno do monstro destruidor conseguiu fechar ainda mais o cerco aos povos indígenas e à natureza.

A Funai passou a ser liderada por um evangelizador que não permite que seus funcionários viajem para áreas não demarcadas, se refere a índios como invasores e marxistas, corta até a distribuição de cestas básicas, transformando determinadas aldeias em campos de concentração. Ao mesmo tempo, o inominável baixou decretos permitindo mineração em áreas indígenas à revelia dos seus moradores e pesca esportiva em áreas de proteção ambiental. Isso tudo foi o que lembrei de cabeça de ter lido nos últimos dois dias.

Sem falar no que acontece no submundo de grileiros e agronegócio que não tem a canetada do governo, mas é diretamente estimulada por seu discurso e pelo desmonte da fiscalização. O Estadão - o Estadão!! - está publicando desde domingo uma série sobre os conflitos em torno de água potável no país afora que é um filme de terror; tem fazendeiro cercando rio com seguranças armados e drones para impedir que quilombolas e índios tenham acesso a água.

Não creio que já exista uma conta de quantas pessoas estão morrendo vítimas de sua necropolítica, mas há de entrar, para a História como uma das tiranias mais sanguinárias de todos os tempos. Esse inumano tem que ser detido com urgência. Mas não vai ser, porque os bancos, os EUA e a imprensa querem a todo custo a destruição do Estado e a implementação do neoliberalismo mais radical. 

Chegamos mesmo ao fim.

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