segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Embusteiro e mitômano




O mito

Claudio Guedes

A mitomania, também conhecida como mentira patológica, é a tendência duradoura e incontrolável para a mentira.

Jair Bolsonaro é um mentiroso compulsivo. De vez em quando, raramente, fala a verdade.

E aí começam os problemas dele com o Brasil que ainda se dá ao respeito, os brasileiros com algum compromisso com a verdade, a democracia e o processo civilizatório. Quando verdadeiro, Bolsonaro, apesar de autodefinir como cristão, defende a tortura, a violência policial e a pena de morte sumária para criminosos/pecadores. Quando pego de surpresa, ao responder qualquer crítica de jornalistas ou políticos, mostra-se truculento, racista e misógino.

Nos seus discursos ensaiados e nas notas à imprensa revela-se o embusteiro e o mentiroso compulsivo, aflorando sua mitomania.

Um farto exemplo desta característica determinante da sua personalidade é a atual polêmica com o governador da Bahia, Rui Costa, sobre a morte do miliciano, criminoso e ex-capitão do Bope, Adriano da Nóbrega.

No auge da polêmica com o governador baiano, o presidente soltou uma nota à imprensa, no sábado, 15/02, onde afirma:
"O então tenente Adriano foi condecorado em 2005. Até a data de sua execução, 09 de fevereiro de 2020, nenhuma sentença condenatória transitou em julgado em desfavor do mesmo."
Sim, verdade. Mas a verdade como dom de iludir, típica de embusteiros. Ele não menciona que quando o então tenente Adriano foi condecorado pelo seu filho, Flávio, então deputado à ALERJ, o mesmo encontrava-se preso, por ordem judicial devido à sua periculosidade, acusado já de participação em diversas ações violentas, e condenado em primeira instância pelo assassinato de um guardador de carros, e não de um criminoso em confronto com o mesmo.

Mais adiante na nota, diz:
"A atuação da PMBA, sob tutela do governador do Estado, não procurou preservar a vida de um foragido, e sim sua provável execução sumária, como apontam peritos consultados pela revista Veja. É um caso semelhante à queima de arquivo do ex-prefeito Celso Daniel, onde seu partido, o PT, nunca se preocupou em elucidá-lo, muito pelo contrário."
Aqui aparecem em todas as linhas o mix entre o embusteiro e o mentiroso. Ainda que sobrem dúvidas sobre o comportamento da PM baiana, subordinada a um secretário de Segurança Pública que possui relacionamento direto com a família Bolsonaro, nada indica que o governador Rui Costa tenha responsabilidade direta na operação que vitimou o foragido. O embusteiro acusa sem qualquer prova ou evidência. E o mentiroso? Este surge quando o presidente diz que o caso de Adriano é semelhante ao do ex-prefeito Celso Daniel. O que uma história tem em comum com a outra? Nada. Um é ex-policial que converteu-se ao crime. Outro um político respeitado por todos que com ele mantiveram relações. No caso do ex-prefeito petista foi provado, por investigação profunda, detalhada, da Polícia Civil de São Paulo, comandada pelo PSDB, e referendada pela Polícia Federal, que Celso Daniel foi alvo de um sequestro de criminosos comuns que acabaram por assassiná-lo. E o PT acompanhou de perto toda a investigação. Jair Bolsonaro conhece a história completa e mente de forma descarada.

Finalizando sua nota à imprensa, o presidente apela:
"Os brasileiros honestos querem os nomes dos mandantes das mortes do prefeito Celso Daniel, da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, do ex-capitão Adriano da Nóbrega, bem como os nomes dos mandantes da tentativa de homicídio a Jair Bolsonaro."
A mistura de assuntos tão díspares e sem relação entre si é típica de embusteiros e mentirosos compulsivos. O presidente cita os assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes, mortos por milicianos cariocas que transitam há anos nos mesmos espaços de amigos próximos da família Bolsonaro, como o próprio Adriano da Nóbrega e Fabrício Queiroz. E, na continuação, apela para conhecer os supostos mandantes da morte do ex-capitão Adriano Nóbrega, sem citar que o mesmo era um criminosos fugitivo da justiça, e que todas as pessoas com algum nível de informação sabem que o maior beneficiário do desaparecimento do ex-policial é exatamente a família Bolsonaro pelo envolvimento provado do marginal com o filho do presidente no esquema de "rachadinhas" na ALERJ. No final, a cereja do bolo de um mentiroso compulsivo, o presidente pede os "nomes dos mandantes da tentativa de homicídio" que foi vítima. A própria Polícia Federal, com a ajuda do Ministério Público e da Abin, sob comando de aliados e subordinados do presidente Bolsonaro, concluiu, de forma definitiva, que ação contra o então candidato Bolsonaro foi obra de um único indivíduo com graves problemas mentais. O assunto foi encerrado.

Numa simples nota, Jair Bolsonaro releva-se inteiro como o embusteiro e mitômano que é, ele, o "mito".

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