quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

O miliciano pode estuprar crianças e velhinhas no meio da rua que não perderá apoio dos neoliberais e fascistas

Sim, as pessoas irão se exaurir com o Bolsonaro em algum momento. Mas não será por conta do limite dos absurdos. Não será por indignação moral. Não será pela tortura. Não será pelos abusos
Rafael Castilho

Acho engraçado. As pessoas ficam esperando o dia em que finalmente, diante de mais um acontecimento escandaloso, os bozonaristas irão dizer algo do tipo: "agora sim, ele passou de todos os limites! Perdeu o meu apoio".

Presta atenção, cara! Isso nunca vai acontecer.
Não viaja.

Tem sujeito que funciona assim, me desculpem a figura de linguagem:

Se ele chegar em casa e encontrar o Coiso surrando a sua querida mãe, deixando-a amordaçada, levando chicotada e sendo permanentemente vilipendiada impiedosamente, ao final de tudo, depois do capitão regozijar e demonstrar satisfação, aí sim irá dizer:

- Pô mãe, alguma coisa a senhora fez pra merecer, ele não faria isso de graça. Você sabe que ele é autêntico. Mitou mais uma vez.

Sei que a cena foi chocante, mas é bem por aí.

Se encontrar o presidente batendo no próprio filho dirá para o moleque que foi para seu próprio bem.

Percebeu? Essa escala de limite do absurdo não irá acontecer.

Ao final da segunda guerra, quando Berlim já estava ocupada pelos soviéticos, houve ondas de suicídio em parte da população local. Os caras se matavam mas não admitiam que estavam errados quanto ao Hitler e o Nazismo.

Sim, as pessoas irão se exaurir com o Bolsonaro em algum momento. Mas não será por conta do limite dos absurdos. Não será por indignação moral. Não será pela tortura. Não será pelos abusos. Tanto que ele não teme cruzar essa borda. Sabe que não foi eleito apesar dos absurdos. Foi eleito justamente pelos absurdos.

O jogo só irá virar quando transitarmos da pauta do comportamento para a pauta dos resultados econômicos, sociais e políticos.

Quando as pessoas perceberem a vida desgraçada que estão construindo no Brasil em nome do ódio. Quando se derem conta de que "mitagem" não enche o prato, não gera emprego, não leva a Disney e nem enche o tanque do carro. E perceberem que perdemos a nossa dignidade e o nosso respeito.

Mesmo assim haverá quem estará agarrado às pernas desse governo até o dia em que ele estiver decomposto e putrefato.

Mas há tanta vida lá fora. Para além dessa parcela delirante da população. Tanta gente que por um instante vacilou e não precisa que joguemos nada na cara. Não precisa de cagação de regra. Não precisa de ninguém com ar de superioridade. Precisa apenas de um abraço e "vem com nois que já era".

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