segunda-feira, 20 de abril de 2020

Notas de repúdio expõem mais covardia do que indignação


REPÚDIOS


Pululam, nas redes sociais, lacrimosas notas de repúdio de radicais defensores da democracia contra o comício campestre feito por Jair Bolsonaro para o gado verde e amarelo postado no Setor Militar Urbano de Brasília, em frente ao Quartel General do Exército – aqui apelidado, por nós candangos e brasilienses, de “Forte Apache”. 

Primeiro, o ato, em si. 

Diante de um demente intoxicado pela própria insanidade, uma pequena multidão de fanáticos de extrema-direita ostentava faixas pedindo um novo Ato Institucional número 5, medida extrema tomada pela ditadura militar, em 1968, portanto, há 52 anos. O AI-5 fechou o Congresso Nacional, suspendeu o instituto do habeas corpus, suprimiu as liberdades individuais e serviu para prender opositores, torturar e matar presos políticos.

Não eram pessoas, portanto, que bradavam pelo fim da democracia, em frente ao Forte Apache. Eram fascistas, uma categoria de não humanos que, assim como o coronavírus, se dissemina como uma doença social quando o Estado de Direito está com a imunidade baixa. O fato de essa turba ser aliada ao vírus não é uma coincidência. Trata-se de afinidade epidemiológica.

Bolsonaro, enfiado numa camisa vermelha desbotada e dois números abaixo de seu manequim, intercalou as estultices de sempre com crises de tosse e perdas súbitas de equilíbrio. É um homem doente, desde sempre. Resta saber se há outras patologias que não as mentais, amplamente diagnosticadas. 

O gado pró-AI-5 não requer muita observação. Trata-se de gente frustrada e infeliz, como são os fascistas, manadas exaustas de tanto carregar a própria mediocridade e que, agora, enxerga em Bolsonaro o messias de uma esperada era de estupidez. Pensam que, vingando-se do conhecimento, da ciência e da racionalidade que sempre os oprimiram, há de vir um admirável mundo novo onde cada indigente moral terá sua cota de felicidade, enfim.

Sim, são burros o bastante para acreditar nisso.

Volto às notas de repúdio.

Além de inúteis, denotam mais covardia do que indignação.

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