Este 31 de março de 2021 ficará na história do jornalismo brasileiro como aquela peça de Shakespeare: "Muito barulho por nada".
Jair Bolsonaro tentou preparar o terreno para um golpe de força, por meio de uma patranha no Congresso Nacional, armada por seu acólito acéfalo deputado Major Vitor Hugo. O líder do PSL queria dar ao candidato a ditador poderes excepcionais, e explicou com a candura do escorpião: ""Eu pensei em incluir mais a hipótese de pandemia para a mobilização nacional".
O resultado foi um tiro pela culatra. O energúmero que governa este país não terá poderes excepcionais, e apenas a covardia, a omissão e a irresponsabilidade dos guardiães da República o mantêm no Planalto.
Mesmo que tentasse uma sedição em algumas praças das Polícias Militares, nunca teria o conjunto das forças e o que iria produzir seria o caos suficiente para fazê-lo apodrecer na cadeia.
Jair Bolsonaro sempre foi um fanfarrão. Em 1987, quando ameaçou explodir quartéis e a adutora de Guandu, no Rio, estava apenas criando um fato diversionista a serviço do grupo remanescente do ex-ministro Sylvio Frota, que temia a inclusão, na Constituição que estava sendo elaborada, de instrumentos capazes de punir os crimes da ditadura. Foi quando se aproximou do torturador Carlos Brilhante Ustra. Foi contido pelo então ministro do Exército Leônidas Pires Gonçalves, mas a fragilidade do governo Sarney e o desinteresse da imprensa, que estava mais preocupada com a "Constituição cidadã" e empenhada em conter os arroubos de Ulysses Guimarães e dos sindicalistas, fez com que a aventura terminasse em pizza.
Bolsonaro é um típico fascista.
O fascismo só atua montado no aparato do Estado. Quase sempre o vagido de seu nascimento é um discurso libertário, mas em sentido controverso: reage contra o futuro, propõe libertar-se a sociedade das "amarras" da civilização. Não é simplesmente uma ideologia conservadora - serve-se do conservadorismo para destruir a política, portanto destruir a Política.
E o que são os conservadores? Essencialmente, são aqueles que têm medo da dinâmica social. Agem por medo, são condicionados pelo temor a mudanças, e passam a viver no universo do negacionismo. Tudo era melhor antes, nada que é contemporâneo lhes convém.
No século 21, suas manifestações, inclusive o raciocínio entortado de jornalistas experientes que já tiveram uma biografia respeitável e a jogaram no lixo, soa como uma grita de malucos. E é isso mesmo. Por isso, o único remédio para esse mal é a energia das instituições democráticas, ou melhor, o rigor da lei, que faltou em 1987.
Bolsonaro precisa ser neutralizado, afastado do poder e depositado na caçamba da História.
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