A substituição do ministro Ernesto Araújo é daqueles enredos de roteiristas ruins, atores canastrões e finais previsíveis. Araújo é o mais medíocre ocupante do posto em duzentos anos, mas aqui vai um spoiler: a sua queda não vai mudar em nada a política externa brasileira.
Por 2 anos e 3 meses, Araújo fingiu ser o responsável pela diplomacia, mas foi apenas o laranja de Eduardo Bolsonaro. Não importa quem estiver no Itamaraty, enquanto houver um Bolsonaro no Planalto, a diplomacia será bolsonarista.
É cômodo achar que o embate entre Araújo e os senadores é entre a chamada ‘ala ideológica” do governo e o pragmatismo. Na argumentação dos senadores, Araújo foi um entrave nas negociações para encomenda de vacinas contra Covid. Bobagem. Quem foi o entrave foi Bolsonaro.
Araújo foi, no melhor dos casos, um acólito prestativo. Mas onde estavam os senadores hoje tão preocupados com a saúde popular quando o governo brasileiro se recusava a negociar com outra empresa que não fosse a AstraZeneca? Acertou, eles não faziam nada.
O que vai ocorrer no Itamaraty depois da queda de Araújo é o mesmo que está acontecendo no Ministério da Saúde após a troca do general Eduardo Pazuello pelo médico Marcelo Queiroga: nada.
.Araújo, Pazuello, Weintraub e Wajngarten foram só acidentes de percurso. O responsável continua no Planalto.
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