sábado, 27 de março de 2021

Maria da Graça Meneghel, empresária

Alceu Castilho

Uma das coisas curiosas em relação a cidadã Maria da Graça Meneghel, recriada como Xuxa, é que mesmo as pessoas no campo crítico continuam tratando-a apenas como se fosse a "rainha dos baixinhos", uma eterna apresentadora de televisão, no máximo fazem referência à encarnação anterior dela, como modelo.

Xuxa é uma capitalista. Uma empresária. Com uma vasta capivara relativa a essa condição — de dona de empresas.

Uma singela busca em um nome como Parque da Xuxa mostra tentáculos dela com a Justiça que a amante dos animais talvez queira esquecer. Antes Parque do Gugu, depois Parque da Mônica, o empreendimento no SP Market, em São Paulo, era gerido pela Lar's Empreendimentos (hoje na mão de outro grupo empresarial), que chegou a ser condenada por forjar a extorsão de um advogado — um cliente que tivera problemas no parque.

Outro braço da empresária (essa condição eterna de apresentadora apenas infantiliza o debate) era o Xuxa Water Park, que teve sérios problemas com o Ibama. A amiga dos animais queria construir o parque temático em uma área no litoral paulista, em Itanhaém, que era, segundo o Ibama, "abrigo de fauna e flora silvestre ameaçadas de extinção".

Jornalistas que não queiram apenas ser caixa de ressonância de um debate pueril podem também checar as aventuras da Xuxa International Corporation pelo mundo. Dica: fica nas Ilhas Cayman. Em 2005, durante uma investigação sobre lavagem de dinheiro, a PF ficou intrigada com uma movimentação de US$ 27 milhões da empresa. "Não trabalhamos com doleiros brasileiros", disseram os advogados dela na época. "Se alguma empresa que fizemos pagamentos usou a Beacon Hill, paciência". (A Beacon Hill era uma conta de doleiros.)

Xuxa tem e sempre terá vasto direito à defesa em relação a esse e quaisquer outros casos relativos às suas empresas. Até pela capacidade de pagar advogados gordos que os frequentadores de penitenciárias — aqueles que ela quer ver como cobaias — não costumam ter.

O que não pode acontecer é que, além de advogados graúdos, ela seja protegida por nossa imprensa miúda, como se fosse apenas uma moça sapeca com vozinha de criança. 

Não, meus senhores e minhas senhoras. Xuxa é uma "International Corporation". A voz dela é bem mais grossa.

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