Alguém inventou um dia que "Non, je ne regrette rien" significa "Não me arrependo de nada". Está errado. A primeira definição de "regretter" que os dicionários de francês oferecem é "sentir falta, sentir saudade".
Sim, os franceses (e o resto da humanidade) também sentem saudade, apesar de toda essa mitologia boboca em torno da palavra "saudade" em português. Assim, o que Piaf canta é "Não sinto falta de nada".
Em determinado verso, a letra diz: "Je me fous du passé", ou seja, "quero que o passado se foda". Se a pessoa não se arrependesse de nada, porque diria isso do passado ou, como em outro verso, "je repars à zéro", "vou partir do zero"? Quem não se arrepende do passado é porque tem orgulho dele, não vai desejar que ele se foda nem que é preciso partir do zero, certo? Por fim, a letra diz: "Car ma vie, car mes joies, aujourd'hui, ça commence avec toi!" - "Pois minha vida, minhas alegrias, hoje, começam com você". Se a coisa está começando do zero hoje é porque, sim, a pessoa pode até não se arrepender, mas o que de fato está dizendo é que pode ficar tudo para trás. Assim como não foi Fernando Pessoa quem inventou a frase "Navegar é preciso, viver não é preciso" (porque é a tradução de um provérbio latino de 2.600 anos!), o título da famosa canção, que também foi interpretada com punhal no peito pela minha amiga Cássia Eller, significa "Não sinto falta de nada!".
Dito isso, quero muito que a Globo e seu rato de estimação vão, sim, para os quintos dos infernos! Se tem alguém que de fato não se arrepende de nada é essa organização criminosa que há décadas vem conspirando contra o povo brasileiro! Finge que se arrepende de ter eleito o genocida, mas aplaude abertamente tudo o que o desgoverno dele tem feito para destruir a democracia.
Édith Quack pic.twitter.com/fObG5kBeXl
— Bruno Sartori (@brunnosarttori) March 30, 2021
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