quarta-feira, 31 de março de 2021

Valentão de Palácio

Claudio Guedes

Já tínhamos no Brasil como consagrada a expressão "cavalo paraguaio" que define aquele tipo de político que sempre larga na frente nas pesquisas eleitorais e nas urnas amarga um dos últimos lugares. E o famoso "cavalo de parada"? Aquele político bonitão, garboso, charmoso, mas que é um zero à esquerda no trabalho e no desempenho parlamentar.

Jair Bolsonaro, o estorvo que reside no Palácio do Alvorada e trabalha no Palácio do Planalto, é inspiração agora para um novo personagem na política nacional: o "valentão de palácio".

O vi hoje, em discurso no Palácio Planalto, exortando os brasileiros a sairem às ruas e enfrentarem com coragem a pandemia do coronavírus. Nenhuma palavra sobre os cuidados, a necessidade de distanciamento social, sobre a permanência em casa sempre que possível. Pelo contrário, mentiras sobre um suposto "lockdown" que estaria acontecendo no país e do qual ele é crítico ácido. 

Ora, ora, qualquer que saia às ruas de qualquer cidade brasileira sabe que no máximo, em algumas, estão em curso medidas de fechamento de boa parte do comércio e restrições à circulação de pessoas em horários noturnos. Em quase nenhuma nada próximo a um "lockdow". Este é o panorama geral. 

O presidente mente, como usual.

Mas, além de mentir, exortar brasileiros pobres da periferia que, se adoecerem de forma gravosa, irão morrer em casa por causa do colapso do sistema de saúde público é covardia. Mesmo os brasileiros de classe média alta, que possuem bons planos de saúde, na atual situação correm o risco de ficar sem atendimento médico por ausência de vagas nas UTIs de hospitais privados. 

A exortação ao enfrentamento do vírus de "peito aberto" como defende o ignóbil presidente brasileiro é típica de um "valentão de palácio". Ele e sua extensa família estão protegidos por centenas de assessores, médicos renomados e garantia de que face à qualquer problema terão assistência médica imediata e integral, com transporte por helicópteros a qualquer excelente hospital brasileiro.

É fácil, muito fácil, ser um "valentão de palácio". 

No fundo, apenas um covarde.

Nenhum comentário:

Postar um comentário