Os grandes grupos de imprensa apoiaram a ditadura militar. Foram beneficiários de um regime que matou e torturou nos porões. Isso é sabido por todos. Mas sempre houve profissionais que não se vergaram. Que fizeram jus à função social do jornalismo. Sobreviveram em seus empregos, quando sobreviveram, por emprestarem às empresas que lhes pagavam o sal o manto de credibilidade que seus patrões jogavam no lixo. Foram o que chamo de transgressores tolerados. Aqueles que confrontaram os conglomerados para manter a instituição.
O que vimos hoje foi muito triste e emblemático. Jornalistas confinados em cercadinhos. Trabalhando em condições subumanas, sem direito à equipe completa e possibilidade de exercer seu ofício com um mínimo de dignidade. Com duas exceções, Miriam Leitão e Mônica Bergamo,os demais aceitaram passivamente o cerceamento imposto. A subordinação à linha editorial falou mais alto do que a própria dignidade profissional. Faltou tudo, a começar por amor próprio.
O fascista que falou em libertar o país do socialismo e do politicamente correto (atenção mulheres, negros e população LGBT!) teve sua ação legitimada pelas próprias vítimas. O circo da GloboNews mostrou a extensão de sua lona. Nenhum comentarista fez qualquer restrição ao tratamento dispensado aos colegas. Demonstraram o famoso “espírito de equipe”, expressão empregada pelo mundo corporativo para enaltecer explorados que abrem mão de princípios e dos seus interesses em prol da maximização do lucro patronal.
Não vou dizer um sonoro “bem feito”. Se é verdade que a mídia corporativa pariu o monstro, ele irá atingir a todos. Professores de escolas e universidades já sabem disso. Outras categorias aprenderão rapidamente.

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