sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Diário do laranjal

Diário do Bolso

Diário, que dia feliz!

Eu estava na dúvida sobre o que fazer com o Bebbiano. Demito ou não demito? Se eu não demito, deixo de ser mito? Ou eu minto e digo que não demito e depois demito?

Mas agora há pouco a gente se encontrou e a conversa foi assim:

- E aí, Presida! Estava elegante naquela foto, hein? Só você para combinar papete, blaiser, calça de abrigo e camisa do Palmeiras.

- Boa tarde, Gustavo.

- Gustavo? Que frescura é essa? Você só me chama de Bebbi, lembra?

- Chamava, Gustavo, chamava. Você tinha que ter se demitido. Hoje em dia você é um leproso morfético. E a coisa não pode respingar em mim.

- Suco de laranja não mancha, kkkkk!

- Não tem graça, Gustavo. Com que moral que eu vou ficar se não punir alguém?

- Mas Presida, por que eu? O Marcelo Álvaro, do Turismo, fez a mesma coisa e nada. O Bivar contratou a empresa do filho por 250 mil e nada! O Onyx só pediu desculpa e nada. O Moro recebeu o pessoal da Taurus e nada. Só eu que vou ficar de Judas?

- Alguém tem que ser o... A gente fala boi expiatório ou bode de piranha? Tanto faz. Alguém tem que pagar pra não dar a impressão de impunidade.

- Presida, não se dá um tiro na nuca do seu próprio soldado.

- Às vezes dá, para manter o respeito.

- Eu vou cair atirando.

- Se o assunto é milícia vai falar com o Flávio.

- Eu quis dizer que vou abrir o bico. Sei de tudo. Até a cor da sua cueca.

- Mas, mas... O que que eu posso fazer, Bebbi?

- Deixa o tempo passar. O pessoal esquece das coisas. Por exemplo, ninguém fala o que está acontecendo com a lama de Brumadinho. Ela ainda está avançando, mas o pessoal já esqueceu.

- Pô, eu sou homem de palavra. Já prometi sua cabeça.

- Que palavra o quê? Em 2017 você disse que se aposentar aos 65 anos era uma falta de humanidade e agora fala que está tudo bem.

- Não sei, Bebbi, não sei...

- Faz o seguinte: diz que o Moro vai investigar e que você vai esperar o resultado da investigação. É simples, Presida!

- Mas e se o Moro descobrir alguma coisa? – eu perguntei.

Ele ficou uns segundos em silêncio até entender a piada. Aí explodiu numa gargalhada e a gente se abraçou.

Como é linda a amizade, Diário!

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