quarta-feira, 27 de março de 2019

Sérgio Moro quer aumentar a mortalidade para cortar gastos públicos



Quando li a matéria sobre Sérgio Moro instituindo grupo para discutir a redução dos impostos sobre o tabaco, me lembrei logo dos "causos" inusitados na época da Lei Seca, que faziam exatamente o que pretende Moro: tratar unha encravada cortando fora o dedo. Não lembra? Segue o fio:

Pouco depois que foi instituída a Lei Seca, o Ministério da Saúde começou a receber cartas inusitadas. Numa delas, uma das associações de portadores de hepatites questionava a lei, por diminuir o número de Fígados disponíveis para transplantes!

Em outra carta, entidades que representavam o setor de órteses e próteses também questionavam a Lei, dizendo que iria reduzir a demanda do setor, gerando impacto na economia, afinal, menos pessoas iriam depender de cadeiras de rodas e muletas, já que se acidentariam menos.

Estão percebendo como é a lógica? Para manter a indústria de órteses e próteses de vento em popa, ou a disponibilidade de fígados para transplante crescente, essas entidades pouco se importavam com os mortos por acidente de trânsito, ou com os sequelados por eles!

Essa é a MESMA lógica de dizer que vai combater o contrabando de cigarros reduzindo a taxação! LITERALMENTE A MESMA! Você pouco se importa se a Ciência em TODO O MUNDO tem toneladas de dados provando que AUMENTAR A TAXAÇÃO do cigarro tem um ENORME impacto ECONÔMICO e de saúde!

Estima-se que são gastos ANUALMENTE 1 TRILHÃO de dólares em todo o mundo com gastos em saúde e impactos de produtividade decorrentes do tabaco. Apenas!

As mais recentes diretrizes (publicadas na semana passada!) da American Heart Association para prevenção primária de Doença cardiovascular elege a CESSAÇÃO do tabagismo com uma das medidas MAIS EFETIVAS para reduzir o risco de morte por Infarto ou Insuficiência cardíaca!

Quando tivemos o fim da propaganda de TV dos cigarros, o número de brasileiros fumantes caiu em pouco tempo em 33%, gerando uma ECONOMIA enorme para o SUS e gastos de saúde em geral, principalmente o "out-of-pocket", ou seja, desembolso direto do paciente  com medicamentos.

E o que diz a OMS sobre a questão do contrabando? "O Protocolo da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco da OMS para Eliminar o Comércio Ilegal de Produtos do Tabaco aplica ferramentas, como um sistema internacional de rastreamento, para proteger a cadeia de fornecimento de tabaco. A experiência de muitos países mostra que o comércio ilícito pode ser combatido com sucesso, mesmo quando os impostos sobre o tabaco e os preços são aumentados, resultando em um incremento das receitas fiscais e redução do uso."

Seu Moro, não é o senhor que vai assinar o atestado de óbito dos pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva, Câncer de pulmão, Infarto, Insuficiência Cardíaca, Dissecção de aorta e tantos outros desfechos (leia-se: causas de morte). Tenha mais responsabilidade!

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