Pablo Villaça
Temer, o Pequeno, já deveria estar na cadeia há anos. Não apenas por suas ações antidemocráticas, golpistas, mas por todos os esquemas com os quais aparentemente se envolveu ao longo da carreira política - como, ao que tudo indica, as propinas relacionadas ao porto de Santos, por exemplo.
Tenho imensa antipatia por Temer. Imensa. No entanto, esta antipatia não pode ser maior do que meu bom senso ou minha coerência. Depois de protestar tanto contra a prisão política de Lula, contra o uso do judiciário para perseguir oponentes, não posso celebrar a prisão de Temer em uma ação espetaculosa cujas motivações são no mínimo suspeitas.
Pois é: o Brasil anda tão perdido que nem posso ficar feliz com a prisão de Temer, o Pequeno.
Vejamos: Rodrigo Maia atacou Moro recentemente, enquanto Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes atacaram a Lava-jato. Todos são aliados de Temer e/ou cercanias. Aliás, mais do que isso: Moreira Franco (outro que deveria estar preso há tempos) é sogro de Maia, que atacou Moro, que é parça do juiz Bretas, que mandou prender Franco. Parece muito com retaliação. No mínimo, com um recado.
Além disso, é óbvio que a Lava-jato, perdendo popularidade e exposta em sua sujeira cada vez mais óbvia (o que incluía o absurdo "fundo" de 2,5 bilhões), quer e precisa da aprovação que a prisão de uma figura desprezada como Temer traz. Ao mesmo tempo, o STF se vê na incômoda posição de ter que libertá-lo, já que, sem condenação em primeira instância, com endereço fixo e sem representar risco real de fuga (ele é um ex-"presidente"; isto seria impensável na prática), a prisão afronta a Constituição - e, no entanto, fazer o certo neste caso representará um baque na reputação já frágil da Suprema Corte.
E o pior é que o tal juiz Marcelo Bretas, aliado de Moro, certamente SABE que a fundamentação jurídica de seu pedido de prisão é frágil e está contando que o STF o desfará.
Detesto TODAS as figuras citadas nos três parágrafos acima e normalmente desejaria que se destruíssem mutuamente. Infelizmente, esta briga entre cachorros acabará ferindo o país inteiro.
Ah, Brasil.
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