Sergio Moro disse à Veja que já convenceu Bolsonaro de que não é candidato a presidente em 2020. E Bolsonaro acreditou, ou precisa acreditar no que Moro diz? Claro que não.
Bolsonaro e Moro participam de uma farsa em que um não dá as costas para o outro. O que Moro quer é ganhar tempo, na tentativa de ver um cenário menos conturbado mais à frente.
É deixa passar, porque depois dessa polvadeira a vida pode ficar mais fácil até para Rodrigo Janot.
Moro sabe que hoje não seria indicado à vaga no Supremo. Mas a vaga somente existirá daqui a um ano, com a saída de Celso de Mello. Até lá, tudo pode acontecer, inclusive o total extermínio do lavajatismo e de seus protagonistas.
Moro quer ser ministro do STF e, se não der certo, candidato a presidente. Tudo que ele não quer é ser advogado de bacana. O ex-juiz não pode regredir e montar uma banca para salvar gente endinheirada da direita, até porque nunca mais terá o esquema das delações.
O que ele faz é manobrar, mesmo que seja um péssimo manobrista. Bolsonaro não pode mandá-lo embora, porque o homem tem popularidade maior do que a dele, mesmo que enganosa, e Moro não pode se desfazer de Bolsonaro.
No jogo de cabra cega de Brasília, estão se tocando, se apalpando e fingindo que um não sabe o que o outro gostaria de fazer.
Moro sabe que, se colocar a cabeça de fora como candidato, será devorado pela direita, inclusive pela própria Globo, que já trabalha por Luciano Huck.
Só um milagre poderia conduzir Moro ao que ele pretendia ser quando topou trabalhar para Bolsonaro antes mesmo da eleição.
O Supremo vai se encarregar de acabar com todas as suas chances, e possivelmente depois de um voto histórico de Celso de Mello.
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