segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Anticomunismo floresce na ausência de comunistas reais e visa combater a democracia em geral


Hugo Albuquerque

Um pensamento que me assalta: o anticomunismo se instala principalmente onde não há um movimento comunista forte, tudo para perseguir a oposição não-comunista. E a esquerda não-comunista ao condenar o comunismo, para dizer "não sou desses", joga óleo na própria frigideira. 

Onde há um movimento comunista forte, pode até ter guerra civil e propaganda de guerra, mas não macartismo ou inquisição. O grosso da esquerda brasileira, se muito social-democrata ("Bernie é radical demais!"), vai sacrificar alguns jovens para "se limpar" e depois perder. 

Ironicamente, o discurso anticomunista, supostamente por razões pró direitos humanos, deixa passar o anticrime, ainda que mitigado (uma vitória!) enquanto pergunta diante do acelerado crescimento da nossa população carcerária: mas e Cuba? E a Coreia do Norte? 

Depois não choremos: a direita liberal só consegue ser antibolsonaro até a página 2, enquanto a esquerda social-liberal, por conta de sua máquina de lero-lero de costumes, não passa de combustível para a máquina de mamadeiras de pirocas do Bolsonarismo. 

Enfim, uma vulgata que equipara o comunismo ao fascismo, apenas enfraquece a grande arma eficaz contra o fascismo e ainda naturaliza coisas como suásticas e integralismo. 

Ainda que fale muita besteira hoje em dia, Zizek cantou essa bola há uns anos: a falsa simetria entre comunismo e nazismo, mais do que servir para perseguir a esquerda, serve para naturalizar os nazistas. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário