quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

2019, um ano sinistro



Paulo Muzell

Em 2016 um vice traidor, golpista e canalha iniciou o processo de desconstrução da nação. Mas em 2019, com a posse de um presidente eleito veio o pior, a aceleração do processo de destruição e desmoralização do país iniciado por Temer.

A lava jato já havia cumprido o seu papel: atropelando a lei prendeu Lula e o afastou do processo eleitoral. Desferiu um mortal ataque à Petrobras: com o apoio da grande mídia vendeu a ideia de que a nossa grande estatal seria o grande foco de corrupção do país. Abriram-se a portas para a sua privatização e para a entrega do pré-sal, a maior riqueza nacional, um patrimônio de trilhões de reais. A desastrosa publicidade dada às investigações trouxe incalculáveis prejuízos às grandes empreiteiras nacionais, centenas de milhares de empregos foram destruídos.

A Embraer já fora entregue à Boeing, a BR Distribuidora foi privatizada e terão igual destino a Eletrobras, os Correios e o setor de saneamento público. Avança o desmonte do BNDES, um banco fundamental como indutor do desenvolvimento nacional.

No plano externo é constrangedor o atrelamento e a subserviência aos interesses norte-americanos: a base de Alcântara foi entregue aos Estados Unidos e abandonado o programa espacial e da energia nuclear. Bolsonaro bate continência à bandeira americana e escolheu Trump como guru. Patético!

O ataque aos direitos dos trabalhadores e da população prossegue: a PEC 241, que congela por 20 anos os gastos públicos vira dogma, minguam os investimentos públicos em infraestrutura e os recursos da área social. O bolsa família em 2019 reduziu um milhão de benefícios, vai morrer à mingua. A reforma previdência avança: a PEC n° 6 cria alíquotas progressivas que podem chegar a 22%. Ficam fora, é claro, os militares e a cúpula do legislativo, do judiciário e do ministério público, quem vai pagar a conta é a arraia miúda. A propaganda afirma que a reforma da previdência é fundamental para equilíbrio fiscal, que trará uma economia anual de 100 bilhões de reais. Esquecem de dizer que o pagamento do serviço da dívida interna consome mais de 40% dos recursos do Orçamento Geral da União, algo em torno de 1,1 trilhões de reais/ano e que o governo tem 1 trilhão entesourado para garantir os lucros da banca financeira.

Os servidores públicos assistem à destruição de suas carreiras, fim das vantagens por tempo de serviço, da aposentadoria integral e da estabilidade.

Os direitos das minorias são duramente atacados: LGBT, índios e negros. A violência policial tem carta branca para matar os pobres da periferia, Bolsonaro é miliciano.

O desemprego aumenta, temos hoje no país mais de 50 milhões de pessoas desempregadas ou subempregadas.

O incentivo ao armamento da população e o elogio à ditadura e aos torturadores causam arrepios.

É notório o descaso com o meio ambiente: o desmatamento e as queimadas na Amazônia são incentivados, os agrotóxicos são liberados.

Guedes colocou um semianalfabeto da educação com a missão de destruir as universidades federais e abrir espaço para a privatização. Minguando os recursos do SUS, avançam as Unimeds da vida.

Um governo de iletrados não poderia, é claro, ter apreço pela cultura, setor que padece com cortes de recursos e com a censura.

O caso Queiroz – um laranja da família que ganhava 4 mil reais e que num ano movimentou um milhão de reais em suas contas bancárias -, não deixou nenhuma dúvida das trapalhadas do clã Bolsonaro. Continuaremos aguardando, que Moro – no pleno e fiel exercício de suas atribuições - faça o que lhe compete. Sentados, é claro.

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