quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

O legado de junho de 2013

A ascensão do fascismo

Rodrigo Perez Oliveira
Cadê os corpos em movimento expressando suas subjetividades e desestabilizando o governo do capitão igual fizeram com Dilma
Em junho de 2013, eu tinha três empregos e uma tese de doutorado pra escrever. Dava aula em universidade particular, turma pra karai, salário chegando na casa dos dois dígitos pela primeira vez na vida . Franca ascensão rumo à classe média. Saindo de Nova Iguaçu e indo morar em Copacabana. Viajando de avião pra cima e pra baixo. Família comprando terreninho em Saquarema pra construir casa de praia. Só alegria.

Ia fazer o quê na rua pra protestar?

Nunca entendi muito bem aquela revolta toda. Pleno emprego, inflação sob controle. Galerinha lá do IFCS, playboyzada bolsista sem registro no PIS, gritava "fora todos". Tinha todo um papo de corpos e subjetividades. Eu achava maior viagem, mas tudo bem. Cada cachorro que lamba sua casseta, eu pensava.

A esquerdinha culturete "queria mais", acusava o PT de traição, falava em nome da juventude negra que "estava sendo exterminada". "Os bancos nunca lucraram tanto". Pelo direito de namorar pelo bumbum. Coquetel molotov, blac blocs e os caralhos.

Marcha das vadias, marcha dos maconheiros, parada gay, revolução na altura das genitálias. Não vai ter copa.

Teve copa, teve copa pra caralho. Me esbaldei com a gringada na Lapa, no samba da Gomes Freire.

Agora essa galera tenta defender o legado de 2013. Tão reivindicando paternidade de filho feio. Tudo bem também. Cada louco com sua loucura.

Acho que tinham que ir além e fazer tudo outra vez: helicóptero da polícia dando tiro em favela, gasolina a 5, 12 milhões de desempregados. Cadê os corpos em movimento expressando suas subjetividades e desestabilizando o governo do capitão igual fizeram com Dilma? Onde está a horizontalidade, os novos sujeitos?

Cuzões

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