Se pobre vota, essa bagunça toda se instala.
Na Folha de hoje, Hélio Schwartsman vaticina que, com o fim do auxílio emergencial, o apoio a Bolsonaro deve cair.
O risco, diz ele, é que "ao ver a aprovação declinar, Bolsonaro, que agora conhece o caminho das pedras, pode ficar tentado a abraçar soluções populistas" - isto é, prorrogar o auxílio.
As consequências, diz o colunista, serão desastrosas, pois "os 'faria-limers' que ajudaram a pôr Bolsonaro no comando podem ser tolos, mas sabem defender seu dinheiro. Se sentirem que o governo age irresponsavelmente, teremos dólar e juro nas alturas e inflação".
Eu acabo sempre voltando a Schwartsman porque ele tem uma certa arrogância intelectual que o leva a afirmar na lata, sem meias-tintas, as ideias do liberalismo vulgar que outros expressam de maneira mais pudica.
Na coluna de hoje, ele deixa claro que o grande problema é que o Estado tente agir em benefício dos mais pobres - o que, no seu linguajar, atende pelos nomes de "populismo" e "irresponsabilidade".
Os especuladores do mercado financeiro são chamados de "tolos", de forma quase carinhosa, mas o que se ressalta é sua racionalidade.
Colocaram um sujeito despreparado e autoritário na presidência a fim de garantir o desmonte do Estado e dos direitos - tolinhos, não é mesmo? Mas sabem proteger seu patrimônio, mesmo que às custas da miséria geral, e assim servem como nosso alerta contra os "irresponsáveis".
E os pobres que desejam proteger não seu patrimônio, que não têm, mas a própria sobrevivência? Esses são um risco. Seu egoísmo leva os governantes à tentação do "populismo".
Falei da arrogância de Schwartsman, mas ela se interrompe antes dele chegar à consequência lógica do raciocínio: tem que abolir esse negócio de sufrágio universal. Se pobre vota, essa bagunça toda se instala. Nem com Bolsonaro no poder os faria-limers têm sossego.
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