A Folha tem méritos em ceder seus carros para torturadores, apoiar o golpe militar, por defender o neoliberalismo de FHC e Guedes e por incensar a criminosa Lava Jato
Um dia sem usar o Twitter e o Andrade apronta uma surpresinha. Como sou reconhecido (e atacado) pelas críticas ao bom moço aqui, sinto-me obrigado a cometer um fio sobre A Carta-Coluna -- longe da grandeza de uma carta-testamento, mais próxima de uma cartinha de Temer.
A derradeira coluna de Haddad (a melhor que já fez, segundo Pomar, a única passível de leitura, na minha humilde opinião), possui UM mérito. Que não é pequeno, dado a postura assumida pelo autor até o princípio do ano passado.
A grande divergência (não é claro se há outras que sejam importantes para o autor, embora citadas) diz respeito aos direitos políticos de Lula. Não é irrelevante. Deveria ser a principal bandeira da esquerda, já que Lula é o único nome que pode derrotar Bostô em 2022.
Ver o ex-candidato dar tal importância a essa questão se torna ainda mais importante quando lembramos de sua tibieza ao não admitir um golpe de Estado, ao lidar com a mídia golpista e defendê-la com argumentos retirados do surreal manto da liberdade de imprensa quando lembramos de sua fraqueza ao se desculpar com trogloditas identitários toscos, mesmo não tendo se expressado com preconceito algum, quando lembramos de suas posições expressas em programas chinfrins como Roda Viva a respeito de Lava-jato, Bolívia, Venezuela sempre procurando manter seu espaço e sua visualização nesses meios, mesmo que isso custe o desprezo de parte da militância petista e uma posição acabrestada pelos donos do poder. Nem falarei aqui de flertes frenteamplistas que não foram para a cama.
Portanto, vale ressaltar essa motivação que, embora devesse ser óbvia, destoa da figura do acadêmico que deseja uma ampla entrada nos salões da elite e busca o respeito de tapetes estendidos (nem tão vermelhos, por favor...). No entanto, ele aceitou a coluna lá atrás e reconhece méritos na Folha. Pois bem. Temos de ser duros aqui. A Folha tem méritos em ceder seus carros para torturadores, apoiar o golpe militar, ser um espaço midiático onde a coluna social manda e desmanda, por defender o neoliberalismo de FHC e Guedes, por incensar a criminosa Lava Jato, por facilitar os caminhos de Bostô e sua súcia, por mentir e criar "fakes" com a desfaçatez de um Malafaia no zap. Então, quais os méritos da Folha, de uma roda morta ou de um show circense de Porchato e Arrelia?
Qual a necessidade de agradar quem demonstra nojo da classe trabalhadora, da história de Lula e do PT? Por que não tratá-los como parte da corja que planejou e deu o golpe? (ah, o golpe... É melhor ser entrevistado na GloboNews por Leitão e Merval do que admiti-lo...)
E, por fim, qual o ganho político em gritar por liberdade de expressão e reforçar a aura ilusória da bravura do jornalística para quem, justamente, impede quaisquer possibilidades de liberdade de imprensa e jornalismo responsável? É o que Andrade faz constantemente.
Enfim, parabenizo o autor por algo que, enfim, pode marcar uma mudança em sua postura. E folgo em saber que as críticas que faço a quem aceita uma "coluna" na Folha podem agora adquirir sentido para militantes desta rede. Reitero: só bundas-moles ganham colunas na Folha.
Agrada-me não termos ex ou pré candidatos exercendo ofício tão cabotino. Entendo quem precisa de um ganha-pão e é obrigado a receber uma graninha de uma família e associados que, histórica e moralmente, são uma vara de porcos. Mas aceitar uma coluna ali é falta de decoro.
Por fim. Andradetes: o texto é fraco, tíbio, frouxo e, em alguns pontos, quase adolescente e choroso ("ain, sempre quis ter uma coluna na Folha, mas assim fica difícil, né? Bobos, malvados"). Meio cafona. Perdoem-me, mas se agradar com isso é uma prova de profundo mau gosto.
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