A Lava Jato, uma operação que começou meritória de combate a corrupção empresarial-política, com foco na Petrobras, empresa controlada pela União Federal, ganhou apoios políticos e midiáticos instantâneos quando os adversários do partido que então liderava o governo perceberam o instrumento que tinham às mãos para derrotá-lo. Coisa que vinham tentando nas urnas, em várias oportunidades, e não obtinham êxito.
O que era então uma boa oportunidade para se investigar a fundo a corrupção entre partidos políticos (todos os grandes) e os maiores empreiteiros nacionais, virou uma ação de demonização do Partido dos Trabalhadores. Como se esse partido fosse o "inventor" e o "condutor" de um processo viciado de financiamento de eleições e de corrupção política individual. Práticas que remontam décadas na vida política nacional, inclusive anteriores à existência do PT.
A operação, com amplo e irrestrito apoio midiático, que transformou seus condutores da 13° Vara Federal de Curitiba e da "força-tarefa" do MPF do Paraná em celebridades, tomou então o rumo da afronta à lei e à Constituição da República.
A Lava Jato transformou-se num vale-tudo, típico de um país de democracia incipiente, onde oportunistas se juntam a covardes - ditos liberais ou falsos sociais-democratas - para levarem vantagem na luta política. Tudo armado sobre os tapetes finos que cobrem o chão de nossa justiça elitista e nos salões em Higienópolis, Jardins e mansões da Zona Sul carioca, onde políticos corruptos & hipócritas usufruem as benesses de décadas de mandos e desmandos.
O oportunismo e os serviços prestados deram certo aos "operadores" da Lava Jato. Os resultados de fato da operação são controversos, no mínimo. Os maiores corruptos se transformaram em delatores de conveniência e após anos e anos de ganhos imensos cumprem penas em residências luxuosas. Alguns presos, particularmente os adversários ideológicos dos condutores do processo. Empresas quase destruídas e empregos dissolvidos.
A estrela maior da operação, em função de suas ações - particularmente as que extravasaram os limites da justiça e que foram decisivas para o linchamento midiático das lideranças do PT e para a vitória eleitoral do atual presidente em 2018 - foi alçado à arena política, sendo conduzido do juizado federal de 1° Instância ao ministério da Justiça.
Um juiz de comportamento bizarro, se a ótica do observador isento é a justiça virtuosa e imparcial. Este ao que perceber, na eleição de 2018, que o seu candidato Jair Bolsonaro corria algum risco, sacou da gaveta uma delação estapafúrdia e requentada do ex-ministro petista Palocci, feita meses antes e descartada como inepta pelo próprio MPF, para prejudicar a ascensão nas pesquisas do candidato Fernando Haddad. Um escárnio, o oposto aos princípios da moralidade e da legalidade.
Na busca de espaço político, as procuradores do MPF hoje se arvoram em censores ativos dos poderes da República, se intrometendo, de forma abusiva e vulgar, nas prerrogativas exclusivas do Poder Legislativo e afrontando frequentemente os tribunais superiores.
Na busca do poder, sem mediação, estão tentando uma grande operação de financiamento bilionário para difundirem suas opções políticas, tudo camuflado por "um interesse no combate à corrupção", via criação de uma fundação privada financiada com recursos de multas sobre a Petrobras. Como se a tarefa contínua e imprescindível da justiça brasileira de combate à corrupção fosse de responsabilidade maior e única da força-tarefa curitibana.
A fundação é um delírio de oportunistas.
Altos funcionários de estado do poder judiciário, que recebem salários da ordem de R$ 600 mil/ano, para exerceram de forma discreta e eficiente a defesa do estado de direito, tentam ocupar espaços que são próprios da sociedade civil e dos partidos políticos. Um desatino.
A própria existência de uma força-tarefa permanente é uma excrescência.
Forças tarefas são organizações provisórias, com objetivos determinados e início, meio e fim. Tentar eternizar a Lava Jato é mais um abuso, ação demagógica de vivaldinos que se aproveitam da indignação popular, justa e meritória contra a corrupção, para inflarem carreiras no judiciário e na política.
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