sexta-feira, 26 de julho de 2019

Moro no pântano


Claudio Guedes

A ação da Polícia Federal (PF), vejam que ironia do destino, acabou por retirar do atual ministro da Justiça o equipamento de oxigênio que vinha lhe permitindo nadar no pântano. Pântano que foi jogado após a revelação dos diálogos escabrosos com procuradores quando juiz condutor dos processos da Lava-Jato em Curitiba.

A PF, ao que tudo indica, prendeu o hacker que invadiu as comunicações entre o juiz e procuradores. Este declarou, ao ser oficialmente ouvido, que foi a fonte anônima que entregou os arquivos ao The Intercept. E que o fez de forma espontânea e gratuita. Ou seja, ratificou o que os jornalistas do site afirmaram o tempo todo: que receberam os arquivos de fonte anônima, estudaram o material, comprovaram sua autenticidade e resolveram divulgá-lo por seu inegável interesse público.

Confrontado com estes fatos, Sérgio Moro, que como ministro da Justiça comanda a PF, resolveu assumir o comando do processo e tentou uma jogada arriscada. Rompendo o sigilo das investigações bradou ao mundo: foram todos hackeados! Presidente da República, chefes dos poderes e juízes das cortes superiores. E, segundo afirmou, ligou para várias destas autoridades, comunicou-lhes o fato e lhes assegurou que o material hackeado seria destruído.

Um erro primário, como logo percebeu o atento ministro do STF, Marco Aurélio de Mello, uma vez que um ministro de estado, membro do poder executivo, não pode determinar a destruição de provas de um processo policial sob controle judicial.

Moro tentou, buscando se colocar como apenas mais uma vítima, um ousado “all in” ao envolver as mais altas autoridades da República na sua trama. Para fazê-lo, atropelou a lei, rompendo o sigilo de uma investigação, e antecipou procedimento extremo que não lhe cabe definir (destruição de provas de um processo investigativo).

Vai dar certo? Acho que não.

Sérgio Moro afunda no pântano da sua própria soberba, da sua limitada inteligência e do seu despreparo intelectual evidente.

Revela-se por inteiro, como nos pareceu quando alcançou sua súbita notoriedade, uma celebridade fabricada para propósitos indecentes. Celebridade que não resistiu a um hacker do interior paulista e a um jornalista íntegro e consciente do verdadeiro papel da imprensa.

No pântano Sérgio Moro está. Do pântano dificilmente escapará.

Um comentário:

  1. so torco pra se conseguir sair do pantano acabe de vez no mais fetido esgoto.

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