Declarações repulsivas, baseadas na divisão e no ódio, são seu modo de governar
Aquele deputado falastrão que atacava minorias, exaltava torturadores e defendia a matança generalizada já fazia mal ao Brasil. Na cadeira de presidente, ele ameaça conduzir o país inteiro aos porões da degradação e da selvageria.
Jair Bolsonaro faz política há décadas usando a divisão e o ódio como combustíveis. Esse método produziu as declarações repulsivas que lhe renderam fama e, agora, integram sua maneira de governar.
O ataque grotesco ao presidente da OAB mostra que Bolsonaro está disposto a descer muitos degraus. Numa tentativa indecorosa de desqualificar Felipe Santa Cruz, ele passou a desfiar versões sobre o desaparecimento de seu pai na ditadura, sem respaldo em informações objetivas.
Bolsonaro trabalha o tempo todo para demonizar críticos, adversários, instituições que possam restringir seus movimentos ou qualquer um que sirva de contraponto ao governo. Tenta tratá-los como inimigos para despertar aversão a esses personagens entre seus apoiadores.
Esse é o primeiro recurso do presidente em momentos delicados. Serve para acusar ambientalistas de seguirem os interesses de ONGs estrangeiras, para negar apoio a governadores de partidos rivais ou para atribuir falsamente um crime a um jornalista que incomoda sua equipe.
O ódio muitas vezes atropela os deveres do governante. Na onda do "bandido morto", o presidente se recusou a comentar o massacre de 58 pessoas numa penitenciária do Pará. "Pergunta para as vítimas dos que morreram lá o que eles acham", ironizou. Ninguém esperava lágrimas pelos detentos, mas o desdém mostra que Bolsonaro prefere ignorar uma questão grave como a guerra de facções criminosas no país.
Pouco interessa se as palavras do presidente são manifestações genuínas ou se fazem parte de uma estratégia sofisticada. No poder, elas produzem efeitos práticos. Alimentam visões desumanas do mundo, reforçam seus instintos autoritários e revelam uma incapacidade evidente de lidar com os problemas nacionais.
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