‘E AGORA, JOSÉ?’
Deltan Dallagnol, em chats secretos, sugeriu que Sergio Moro protegeria Flávio Bolsonaro para não desagradar ao presidente e não perder indicação ao STFGlenn Greenwald, Victor Pougy Procuradores concordaram não haver dúvidas de corrupção de Flávio Bolsonaro no caso Queiroz, mas Dallagnol só queria comentar caso de petista.Em chats secretos, Deltan Dallagnol, coordenador da operação Lava Jato, concordou com a avaliação de procuradores do Ministério Público Federal de que Flávio Bolsonaro mantinha um esquema de corrupção em seu gabinete quando foi deputado estadual no Rio de Janeiro. Segundo os procuradores, o esquema, operado pelo assessor Fabrício Queiroz, seria similar a outros escândalos em que deputados estaduais foram acusados de empregar funcionários fantasmas e recolher parte do salário como contrapartida.
Dallagnol disse que o hoje senador pelo PSL Flávio
Bolsonaro, filho do presidente da República, “certamente” seria implicado no
esquema. O procurador, no entanto, demonstrou uma preocupação: ele temia que
Moro não perseguisse a investigação por pressões políticas do então recém
eleito presidente Jair Bolsonaro e pelo desejo do juiz de ser indicado para o
Supremo Tribunal Federal, o STF. Até hoje, como presumia Dallagnol, não há
indícios de que Moro, que na época das conversas já havia deixado a 13ª Vara
Federal de Curitiba e aceitado o convite de Bolsonaro para assumir o Ministério da Justiça, tenha tomado qualquer medida para
investigar o esquema de funcionários fantasmas que Flávio é acusado de manter
e suas ligações com poderosas milícias do Rio de Janeiro.
O escândalo envolvendo Flávio, que vinha dominando as
manchetes, desapareceu da mídia nos últimos meses. A investigação, nas mãos
do Ministério Público do Rio, parece ter entrado em um ritmo bem mais lento
do que o esperado para um caso dessa gravidade. Moro tampouco dá sinais de
que está interessado nas ramificações federais do caso – como o suposto empréstimo de Queiroz para a primeira-dama,
Michelle Bolsonaro. Nas poucas vezes em que respondeu a questionamentos
sobre a situação do filho do presidente, ele repetiu que “não há nada conclusivo sobre o caso Queiroz” e que
o governo não pretende interferir no trabalho dos promotores. Entretanto, o
caso voltou aos noticiários na segunda-feira, 15 de julho, quando o
presidente do STF, Dias Toffoli, atendeu ao pedido de Flávio Bolsonaro
e suspendeu as investigações iniciadas sem aprovação
judicial envolvendo o uso dos dados do Coaf, órgão do Ministério da
Economia que monitora transações financeiras para prevenir crimes de lavagem
de dinheiro.
No dia 8 de dezembro de 2018, Dallagnol postou num grupo
de chat no Telegram chamado Filhos do Januario 3, composto de procuradores da
Lava Jato, o link para um reportagem no UOL sobre um depósito de R$ 24 mil feito por
Queiroz numa conta em nome da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Segundo o
texto, a “transação foi apontada como “atípica” pelo Coaf (Conselho de
Controle de Atividades Financeiras) e anexado a uma investigação do
Ministério Público Federal, na Lava Jato”. “Queiroz movimentou R$ 1,2 milhão
entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. A comunicação do Coaf não comprova
irregularidades, mas indica que os valores movimentados são incompatíveis com
o patrimônio e atividade econômica do ex-assessor”, escreve o UOL.
A notícia levou Dallagnol a pedir a opinião dos colegas
sobre os desdobramentos do caso, e sobre como seria a reação de Moro. A
procuradora Jerusa Viecilli, crítica da aproximação de Moro com o governo
Bolsonaro, respondeu “Falo nada … Só observo 👀”.
Dallagnol manifestou sérias preocupações com a forma que o ministro da
Justiça conduziria o caso, sugerindo que o ex-juiz poderia ser leniente com
Flávio, seja por limites impostos pelo presidente ou pela intenção de Moro de
não pôr em risco sua indicação ao Supremo: “É óbvio o q aconteceu… E agora,
José?”, digitou o procurador. “Seja como for, presidente não vai afastar o
filho. E se isso tudo acontecer antes de aparecer vaga no supremo?”,
escreveu. Dallagnol completou, sobre o presidente: “Agora, o quanto ele vai
bancar a pauta Moro Anticorrupcao se o filho dele vai sentir a pauta na
pele?”
8 de dezembro de 2018 – grupo Filhos do Januario
3
Deltan Dallagnol – 00:56:50 –
https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2018/12/07/bolsonaro-diz-que-ex-assessor-tinha-divida-com-ele-e-pagou-a-primeira-dama.htm
Dallagnol – 00:58:15 – [imagem não encontrada]
Dallagnol – 00:58:15 – [imagem não encontrada]
Dallagnol – 00:58:38 – COAF com Moro
Dallagnol – 00:58:40 – Aiaiai
Julio Noronha – 00:59:34 – 🙈🙈🙈
Dallagnol – 01:04:40 – [imagem não encontrada]
Januário Paludo – 07:01:20 – Isso lembr
Paludo – 07:01:48 – Lembra algo Deltan?
Paludo – 07:03:08 – Aiaiai
Jerusa Viecilli – 07:05:24 – Falo nada ... Só observo 👀
Dallagnol – 08:47:52 – Kkk
Dallagnol – 08:52:01 – É óbvio o q aconteceu... E
agora, José?
Dallagnol – 08:53:37 – Moro deve aguardar a
apuração e ver quem será implicado. Filho certamente. O problema é: o pai vai
deixar? Ou pior, e se o pai estiver implicado, o que pode indicar o rolo dos
empréstimos?
Dallagnol – 08:54:21 – Seja como for, presidente não
vai afastar o filho. E se isso tudo acontecer antes de aparecer vaga no
supremo?
Dallagnol – 08:58:11 – Agora, Bolso terá algum
interesse em aparelhar a PGR, embora o Flávio tenha foro no TJRJ. Última
saída seria dar um ministério e blindar ele na PGR. Pra isso, teria que achar
um colega bem trampa
Athayde Ribeiro Costa – 08:59:41 – É so copiar e
colar a ultima denuncia do Geddel
Roberson Pozzobon – 09:02:52 – Acho que Moro já devia
contar com a possibilidade de que algo do gênero acontecesse
Pozzobon – 09:03:19 – A questão é quanto ele estará
disposto a ficar no cargo com isso ou se mais disso vir
Dallagnol – 09:04:38 – Em entrevistas, certamente vão
me perguntar sobre isso. Não vejo como desviar da pergunta, mas posso ir até
diferentes graus de profundidade. 1) é algo que precisa ser investigado; 2)
tem toda a cara de esquema de devolução de parte dos salários como o da Aline
Correa que denunciamos ou, pior até, de fantasmas.
Dallagnol – 09:05:54 – Agora, o quanto ele vai bancar a
pauta Moro Anticorrupcao se o filho dele vai sentir a pauta na pele?
Andrey Borges de Mendonça – 09:21:16 – Uma vez pedi no
caso da custo brasil e o pt alegou q era impenhorável segundo a lei
eleitoral. O juiz acabou desbloqueando sem ouvir a gente. Mas confesso q nao
sei se procede.
Paludo – 09:37:52 – Tem que investigar. E isso que ele
sempre diz. Na pior das hipóteses, Podem ir os anéis (filho e mulher), mas
ficam os dedos. Seria muito traumático o general assumir no lugar dele.
Viecilli – 10:06:32 – [imagem não encontrada]
Viecilli – 10:06:51 – 😂😂😂
Dallagnol – 10:22:31 Rsrsrs
Dallagnol – 10:39:47 – [imagem não encontrada]
Dallagnol – 10:41:04 – [imagem não encontrada]
Antonio Carlos Welter – 10:52:11 – O $$ termina na
conta da esposa. Vao argumentar que alimentou a campanha. Periga terminar em
AIME
A força-tarefa da Lava Jato e os procuradores citados no
texto foram procurados para comentários, mas não responderam até a publicação
da reportagem. Se o fizerem, atualizaremos o texto.
A situação de Moro – como investigar um caso de corrupção
envolvendo o filho do presidente que o indicou ao cargo, ou, ainda corrupção
envolvendo o próprio presidente e seus familiares? – levou Deltan a
considerar evitar entrevistas sobre foro privilegiado por temer perguntas
sobre o caso envolvendo Flávio.
No mesmo dia que o grupo conversou sobre o caso Queiroz,
Dallagnol conversou com Roberson Pozzobon, também procurador na operação Lava
Jato, em um chat privado. Eles aprofundaram a preocupação com entrevistas nas
quais a situação de Flávio Bolsonaro poderia ser abordada.
Ao contrário de sua usual ânsia em falar publicamente
sobre outros casos de corrupção, Deltan deu a entender que estava relutante
em fazer uma condenação mais severa de Flávio por temer as consequências
políticas de desagradar o presidente – exatamente como sugeriu que Moro
pudesse agir.
8 de dezembro de 2018 – chat privado
Roberson Pozzobon – 09:12:41 – Em entrevistas,
certamente vão me perguntar sobre isso. Não vejo como desviar da pergunta,
mas posso ir até diferentes graus de profundidade. 1) é algo que precisa ser
investigado; 2) tem toda a cara de esquema de devolução de parte dos salários
como o da Aline Correa que denunciamos ou, pior até, de fantasmas.
Pozzobon – 09:13:05 – Tava escrevendo esse tuíte
agora mesmo
Pozzobon – 09:13:11 – “Informação de que um ex-assessor
do deputado estadual e senador eleito pelo PSL, Flávio Bolsonaro, movimentou
1,2 milhão de reais entre 2016 e 2017”. Se deve ser investigado? É certo que
sim. É para isso que servem os relatórios de inteligência financeira do COAF.
Pontuar as suspeitas no meio de bilhões de transações diárias
https://www.terra.com.br/noticias/brasil/movimentacao-atipica-de-ex-assessor-de-flavio-bolsonaro-pode-levar-a-investigacao,8bb3ff45edd7744a4cad8dab9d014e87963u9zqu.html
Dallagnol – 10:04:00 – Não sei se convém o nível
2. Não podemos ficar quietos, mas é neste momento um pouco como com RD. Vamos
depender dele pra reformas... Não sei se vale bater mais forte
Pozzobon –10:07:15 – Pois é
Pozzobon – 10:07:26 – To na msm dúvida
Depois de sugerir diferentes declarações que poderiam dar
sobre o caso de Flávio, Dallagnol concluiu: “Só pode ser lido como chapa
branca”. Pozzobon concordou e deu o seu veredito: “O silêncio no caso acho
que é mais eloquente”.
Um mês e meio depois, no dia 21 de janeiro de 2019, no
mesmo grupo, Dallagnol disse ter sido convidado pelo Fantástico, da rede
Globo, para uma entrevista sobre foro privilegiado (a emissora preferiu não comentar
o assunto). O procurador estava ansioso para falar do caso que a produção do
programa indicou ser o foco da matéria – denúncias envolvendo o deputado
federal Paulo Pimenta, do PT –, mas relutou em aceitar o convite por receio
de que tivesse que falar também das tentativas de Flávio Bolsonaro de usar o
foro privilegiado para barrar as investigações, mesmo que o caso tenha
ocorrido quando ainda era deputado estadual, antes de sua posse como senador.
Dallagnol expressou sua relutância, calculando que o risco
de ter que tratar do assunto era maior que os eventuais benefícios da
entrevista: “Eu não vejo que tenhamos nada a ganhar porque a questão do foro
já tá definida.” Os colegas da Lava Jato concordaram que a melhor opção era
rejeitar o convite do Fantástico para evitar o que chamaram de um “bola
dividida Flávio Bolsonaro” (a emissora preferiu não comentar o assunto).
21 de janeiro de 2019 – grupo Filhos do Januario 3
Dallagnol – 16:44:44 – [mensagem
encaminhada] Pessoal, temos um pedido de entrevsita do fantástico
sobre foro privilegiado. O caso central é bom, envolvendo o Paulo Pimenta, se
isso for verdade rs. O risco é eles decidirem no fim focar no Flávio
Bolsonaro eusarem nossas falas nesse outro contexto. De um modo ou de outro,
o que temos pra falar é a mesma coisa. Além disso, algumas informações que
buscam não temos (são da PGR). A questão é se é conveniente darmos entrevista
para essa reportagem ou não. Eu não vejo que tenhamos nada a ganhar porque a
questão do foro já tá definida. Diferente de uma matéria sobre prisão em
segunda instância...
Dallagnol – 16:44:44 – [mensagem
encaminhada] Dr., Geovani, da RBS vai mandar e-mail pedindo
entrevista com vc para o Fantástico. Matéria ésobre foro privilegiado. Eles
levantaram uma história sobre o Paulo Pimenta que responde a um processo que
desceu do STF. E tb vão abordar a questão do caso do filho do
Bolsonaro/Queiroz.
Dallagnol – 16:44:44 – [mensagem
encaminhada] Ele pediu a entrevista para até quarta-feira. Assim
que o e-mail chegar, colocamos aqui.
Dallagnol – 16:44:44 – [mensagem
encaminhada] Prezados, boa tarde Domingo, iremos exibir, no
Fantástico, uma reportagem na qual iremos abordar um processo por estelionato
a que o deputado Paulo Pimenta responde no Supremo. Teremos uma entrevista
exclusiva de um primo dele, laranja de um esquema envolvendo compra e venda
de arroz, com envolvimento do ex-diretor do Dnit, Hideraldo Caron. Essa
suspeita contra o Pimenta será nosso principal case numa reportagem sobre os
casos em que políticos perderam o foro, devido ao entendimento do Supremo de
que a prerrogativa só existe para crimes cometidos durante o mandato e que
dizem respeito ao mandato. Assim, citaremos também o caso F. Bolsonaro, que
surgiu após o início da nossa apuração. Iremos incluir, ainda, um levantamento
do STF mostrando a quantidade de processos que baixaram para o primeiro grau,
os políticos que possuem maior número de processos, etc. Assim, pergunto se o
doutor Deltan poderia gravar conosco, para falar dos reflexos da restrição do
foro para os envolvidos na Lava-Jato e também sobre a questão do foro, em si.
Vocês tem um levantamento de quantos políticos investigados estão nessa
situação, ou seja, já estão respondendo no primeiro grau? Já dá pra afirmar
que esses processos estão tramitando de forma mais rápida? Quantos recorreram
para manter os procedimentos no STF? No aguardo Muito obrigado
Dallagnol – 16:44:48 – O que acham?
Julio Noronha – 16:50:02 – Acho q não é uma boa; além
da bola dividida Flávio Bolsonaro, e de ser pauta já definida pelo STF, Paulo
Pimenta já nos representou algumas vezes
Antonio Carlos Welter – 16:59:18 – Pelo Pimenta não
vejo problema. O ruim é a bola dividida. Mas não dividir pode ser pior. Fica
seletivo
Welter – 17:03:00 – Se falar em tese, não vejo
problema. Mas e a Raquel, não vai chiar de novo?
'Xiiiiiiiii'
Os diálogos fazem parte de um pacote de mensagens que
o Intercept começou a revelar em 9 de junho – série conhecida
como Vaza Jato. Os arquivos reúnem chats, fotos, áudios e documentos de
procuradores da Lava Jato compartilhados em vários grupos e chats privados do
aplicativo Telegram. A declaração conjunta dos editores do The Intercept e do
Intercept Brasil (clique para ler o texto completo) explica os critérios
editoriais usados para publicar esses materiais.
Em outras conversas privadas, procuradores do MPF também
comentaram o escândalo envolvendo Flávio Bolsonaro e Queiroz. “Não tenho
dúvida de que isso é mensalinho”, escreveu o procurador regional da República
Danilo Dias, acrescentando em seguida “No mesmo esquema de Mato Grosso com
Silval Barbosa”.
Uma discussão ocorreu no dia 11 de dezembro de 2018,
quando, num grupo chamado Winter is Coming, a subprocuradora-geral da República
Luiza Frischeisen compartilhou um link para uma matéria do Jornal Nacional sobre o
caso. O telejornal explicou que “a análise do relatório do Coaf revela que a
maior parte dos depósitos em espécie na conta do ex-motorista de Flávio
Bolsonaro coincidem com as datas de pagamento na Assembleia Legislativa do
Rio” e que “o Coaf apontou que Fabrício teve uma movimentação suspeita de R$
1,2 milhão durante um ano.”
A subprocuradora, que havia enviado o link original,
recapitulou o conhecido esquema de corrupção e previu os próximos passos da
investigação: “Pessoas da mesma família empregá-la , depósito de parte dos
salários de servidores em dias de pagamento, outros depósitos , resta saber
quem recebia os saques . Agora vem a quebra do sigilo. Vamos aguardar a
investigação geral do MPRJ quanto aos assessores”. Frischeisen está na lista
tríplice escolhida pelos membros do MPF para substituir a procuradora-geral
da República, Raquel Dodge, cujo mandato se encerra em setembro.
Uma outra procuradora do MPF, Hayssa Kyrie Medeiros
Jardim, explicou que o esquema praticado por Flávio se tratava de “Esquema
equivalente ao descoberto na Dama de espadas”. Em seguida, a procuradora
compartilhou um artigo da Tribuna do Norte, publicado no dia 12 de
novembro de 2018, que revelava o funcionamento de um esquema similar na
Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. No caso, uma organização
criminosa formada por servidores e ex-presidentes da casa realizou desvios
milionários por meio de um esquema com funcionários-fantasma.
Frischeisen comparou o caso de Flávio a um outro, também
no Rio de Janeiro, envolvendo a deputada estadual Lucia Helena Pinto de
Barros, conhecida como Lucinha, “acusada de desviar dinheiro público em
contratação de funcionário fantasma”. Citando uma nota do MPRJ, a procuradora disse que “MPRJ já fez
denúncia sobre caso semelhante envolvendo funcionário fantasma”, indicando
que haveria precedente para uma denuncia contra Flávio. No decorrer da
conversa, nenhum dos procuradores discordou da declaração enfática de que
Flávio teria praticado corrupção.
Segundo a revista Veja, que teve acesso ao documento que
embasou a quebra de sigilo de Flávio Bolsonaro, o Ministério Público do Rio
de Janeiro vê indícios que sugerem a prática dos crimes de peculato, lavagem
de dinheiro e organização criminosa no gabinete do então deputado. O caso
seria, então, ainda mais grave do que os outros casos citados pelos
procuradores.
11 de dezembro de 2018 – grupo Winter is coming
Danilo Dias – 22:09:47 – Não tenho dúvida de que isso é
mensalinho
Dias – 22:10:10 – No mesmo esquema de Mato Grosso com
Silval Barbosa
Anna Carolina Resende – 22:10:48 –
Hayssa Kyrie Medeiros Jardim – 22:11:18 – Xiiiiiiiii
Luiza Frischeisen – 22:13:46 – Pessoas da mesma família
empregá-la , depósito de parte dos salários de servidores em dias de
pagamento , outros depósitos , resta saber quem recebia os saques . Agora vem
a quebra do sigilo . Vamos aguardar a investigação geral do MPRJ quanto aos
assessores .
Roberto Dassié – 22:15:11 – [áudio não encontrado]
Jardim 22:15:12 – Esquema equivalente ao descoberto na
Dama de espadas
Jardim – 22:15:12 – http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/rita-confirma-desvios-na-assembleia/432729
Um mês depois, no dia 17 de janeiro, os assessores de
imprensa de Dallagnol, num grupo de chat privado entre o procurador e os
profissionais, trataram de uma solicitação enviada pelo então repórter do
Intercept Rafael Moro Martins (hoje editor em Brasília), que cobrava um
posicionamento oficial de Dallagnol sobre o caso envolvendo Flávio Bolsonaro
e Queiroz. Na mensagem, o repórter observou que o procurador vinha sendo
“ativo nas redes sociais em assuntos que não dizem respeito à atuação da FT e
do MPF.”
Dallagnol comentou as repetidas cobranças nas redes
sociais por um posicionamento mais contundente sobre o caso Queiroz: “vi mta
cobança na rede social, mas achava que eram mais robos”. Sua assessoria, no
entanto, disse que a cobrança era orgânica e previsível: “era previsível,
sim”, “essa cobnrança não é só de robôs”, “os jornalistas tb estão atentos”.
Foi então que a assessoria elogiou Dallagnol por seu
posicionamento firme em relação ao caso de Flávio. “isso reforça o
apartidarismo”, escreveu um assessor em um chat. O assessor também criticou a
posição de Moro: “saem contar que a fala de Moro sobre Queiroz foi muito ‘neutra’.
não teve firmeza, sabe? para muita gente, pareceu que Moro quis sair pela
tangente”. Ele, a assessoria disse, “ficou em cima do muro”.
A preocupação do assessor de Dallagnol sobre as motivações
de Moro no caso envolvendo Flávio foi enviada no chat em janeiro, pouco mais
de um mês depois do próprio procurador debater o caso com os colegas.
No chat, Dallagnol não disse nada em resposta às críticas
e à aparente disposição de Moro – famoso por sua severidade contra corrupção
– de proteger Flávio. Essa conversa, entretanto, ocorreu cerca de dois meses
depois que o coordenador da força-tarefa da Lava Jato, como demonstrado previamente pelo Intercept, ter dito à
procuradora Janice Ascari, num chat privado: “sobre a saída do Moro pro MJ,
mas temos uma preocupação sobre alegações de parcialidade que virão . . .
tenho medo do corpo que isso possa tomar na opiniã pública.”
Moro já foi questionado diversas vezes sobre sua aparente
apatia diante não somente da investigação sobre a corrupção de Flávio, mas
também de outros escândalos envolvendo o governo Bolsonaro, como as denúncias
de que o PSL teria utilizado um esquema de laranjas nas eleições de 2018.
Quando perguntado, Moro em geral alega não ter controle sobre a Polícia
Federal, como fez novamente em entrevista concedida ao Correio Brasiliense no
começo de julho: “A PF está apurando os fatos e deve chegar a conclusões. E à
medida que estão sendo feitas as diligências, (elas) estão sendo informadas
ao presidente”.
A afirmação de Moro de que ele não tem controle sobre a
Polícia Federal – em resposta às críticas de que ele protegeu Bolsonaro e PSL
– deveria ser vista com muito ceticismo. Durante anos, ele também insistiu
que não desempenhou nenhum papel nas operações da Lava Jato, algo que as reportagem
do Intercept, da Folha e da Veja provaram ser claramente falso.
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domingo, 21 de julho de 2019
Vaza Jato: Deltan Dallagnol sugeriu que Sergio Moro protegeria Flávio Bolsonaro para não desagradar ao presidente e não perder indicação ao STF
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