A Folha publica editorial em defesa do Fature-se. Descreve-o, malandramente, como “um programa destinado a ampliar a captação de recursos privados por universidades federais”. Finge não perceber que a contrapartida é o estrangulamento do financiamento público. Ignora olimpicamente toda a discussão sobre as consequências da mercantilização do ensino superior e da pesquisa.
Parece que o objetivo é dar melhores condições financeiras para as universidades: quem seria contra?
Ignora, sobretudo, que há uma forma efetiva e socialmente justa de captar recursos privados para a educação. Chama-se “cobrança de impostos”.
Em seguida, afoita, a Folha desvela a continuidade do projeto do MEC. O Fature- se peca por “um otimismo que parece exagerado” quanto à capacidade de financiamento privado. Por isso, é necessário dar um passo além... e cobrar mensalidades dos estudantes.
Como se fosse mesmo otimismo e não o pulo do gato: primeiro o Estado se desresponsabiliza, depois se constata que doações e “naming rights” não bastam para pagar as contas, então se encontra a solução: cobrar mensalidade.
A defesa da universidade pública, gratuita e socialmente referenciada é desdenhada como “corporativismo” - portanto, nem precisa ser levada em conta na discussão. No entanto, é uma das linhas divisórias sobre que Brasil se deseja, se um país soberano ou um satélite, desenvolvido ou atrasado, justo ou iníquo. Nesse embate, bolsonaristas e Folha estão do mesmo lado, o lado de lá.
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