A nota de repúdio do Jornal Nacional sobre o fato de Bolsonaro ter afirmado que Miriam Leitão nunca foi torturada conseguiu a proeza de citar... Lula e o PT. A Globo e Miriam Leitão ainda não entenderam que Bolsonaro foi inventado também em razão de bizarrices de narrativa assim.
Ainda sobre o caso Miriam Leitão, uma histórica apoiadora - até assumida - de políticos golpistas do PSDB e que - direta e indiretamente - ajudou a chocar o ovo dessa serpente que ora comanda a nação. Bem, atacada de forma vil por Bolsonaro, que usou de fake news absurda pondo em dúvida a tortura na década de 70, foi abraçada pela Globo em fortíssimo editorial. Mas lá pelas tantas, notem atentamente, este mesmo texto cita... Lula e o PT (!) que - obviamente - NUNCA ousaram questionar a existência da Ditadura Militar de 64 a 85, muito menos as torturas (Dilma Rousseff, ex-presidenta, do PT, foi também vítima de violência por parte dos militares).
Infelizmente, Miriam nunca saiu em defesa realmente firme de Dilma quando Bolsonaro, durante o circo do impeachment na Câmara, louvou o torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra. Infelizmente, Miriam nunca gritou o óbvio ululante nas confusões daquele abril despedaçado: “foi golpe!”. Hoje, paga o preço de sequer poder circular pelo país - tal qual Jean Wyllis - pouquíssimo valorizado pela grande imprensa, e que deveria ter recebido o mesmo editorial final, se os propósitos da Globo envolvessem - de fato - a luta pela democracia.
E tanto não são que... As palavras ditas por Renata Vasconcelos, que deveriam estar centradas apenas no “presidente de extrema-direita do Brasil” (assim o definem os diários e programas estrangeiros) também alvejaram Lula. Lula, aquele que foi preso por um juiz que combinou a sentença com o procurador. Juiz que, aliás, virou ministro de Bolsonaro. Lula... Aquele que perdeu e ganhou eleições na bola. Que nunca duvidou da fome e conseguiu retirar 40 milhões (uma Argentina inteira e quatro “Portugais”) da linha de miséria. E que nunca ousou duvidar e humilhar a história de... Miriam Leitão!
O Jornal Nacional, metido a isentão, foi apenas e tão somente patético quando comparou um democrata com quem aplaude comandante de sessões nos porões. Um documento que explica bastante porque Glenn Greenwald e The Intercept puseram as grandes famílias e a imprensa tradicional com a bunda exposta na janela. O cinismo semântico e de narrativa são o grande mal dos livros de história, pautados pela linha elitista dos grandes jornais. Acontece que o mundo multiconectado mudou relações e formas de penetração de mensagens, mas sem que resolvêssemos problemas básicos gravíssimos. Nosso tecido social estica em velocidade de um Fórmula-1 conduzido por Hamilton e as pessoas matam e morrem por banalidade, muitas vezes, na carona de brados fascistas publicados no celular.
Um dia, será notada a farsa de “conquistas” - atualmente montada. Um dia... Que pode (vai) ser tarde. Para a Globo, para Miriam, para o Brasil. E porque os três seguem deitados em complicado berço esplêndido ao som do mar e à luz do céu profundo.
Triste.
Nenhum comentário:
Postar um comentário